TEMPO PRESENTE
Adélia Victória (São Paulo-SP)
Discutir o presente é falar de utopia!
Ele é o simples bocal de acanhada abertura
que a matéria do Tempo, em veloz travessia,
do Futuro ao passado esfaimada perfura.
O lampejo fugaz de uma luz fugidia
é esse vulto que passa e passando fulgura
ao tornar-se um “já fui” na roldana macia
que impulsiona ao Passado a existência futura.
Ao dizeres “eu sou” já não és: terás sido!
O que foste partiu nos embalos da voz,
mero “z” de um corisco entre o antes e o após...
Na ampulheta é o gargalo, o funil reduzido
que as areias do Instante, ansioso a escorrer,
atravessam fulgindo e... deixando de ser!...
(Jornal FANAL, n° 564, Casa do Poeta “Lampião de Gás” de São Paulo, página 01)
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