A estrela
Joanyr de
Oliveira
A estrela macia
vai flutuando
na vereda do céu,
sobre o Oriente.
(Suas pontas de
luz cantam na Altura,
seguem beijando a
Terra.)
Vai de longe, do
fundo do Universo,
rumo à vera
humildade de Belém.
A estrela executa
o seu ofício
de nobreza sem
par,
afagando o
bercinho improvisado
onde o bom
Criador fez-se criatura.
Um corpo se
constrói para o martírio
prestes a desabar
sobre o madeiro.
A estrela se
limita ao puro e excelso
que envolve o
divo rosto do menino.
Ela não tem olhar
nem pensamento
para o cantar do
galo contra Pedro,
para o pesado
sono dos discípulos,
para o vindouro
sangue no Calvário.
A estrela só
conhece a calma fronte
e o riso
iluminado do pequeno
de amor
inalcançável,
maior que o
infinito,
pronto a envolver
o coração escuro
na mais soturna
vila deste mundo.
A estrela pisca
alegre
e reflete o amor
do Deus-menino.
Quanta ternura
alcança o seu mister,
enquanto a Luz,
no mundo acorrentado
na transgressão, atravessa o silêncio
e os abismos da
Morte.
A estrela
sussurra, amiga e leda,
maduros
vaticínios de Isaías,
anúncios joaninos
no deserto.
E Cristo a
emergir de um manto infindo,
da manjedoura
abençoa os que na Terra
a sede afogarão
na Fonte Eterna.
Do livro Canção ao Filho do Homem (1998)
(A POESIA DO NATAL-ANTOLOGIA-ORG. DE SAMMIS REACHERS-RJ)
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