BRISA BRANDA
MIGUEL RUSSOWSKY
Começo a versejar... A brisa branda
vai furungando ao léu, sem disciplina.
De quando em quando as pontas da cortina,
se põem a balançar como em ciranda.
A tarde está dormindo na varanda,
como se fosse cortesã grã-fina.
O relógio, viciado na rotina,
parece concordar: Quase nem anda.
O sol fratura a luz em mil pedaços,
no jarro de cristal polido, antigo,
e a parede recolhe os estilhaços.
Escrever versos pode ser castigo?
Não seria pior cruzar os braços?
(Envelhecer me dói... mas eu nem ligo!)
(SONETOS BEM-SUCEDIDOS, PÁGINA 88)
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