Um
Soneto do Rio de Janeiro/RJ
Olavo
Bilac
Natal
No
ermo agreste, da noite e do presepe, um hino
De
esperança pressaga enchia o céu, com o vento...
As
árvores: "Serás o sol e o orvalho!" E o armento:
"Terás
a glória!" E o luar: "Vencerás o destino!"
E
o pão: "Darás o pão da terra e o pão divino!"
E
a água: "Trarás alívio ao mártir e ao sedento!"
E
a palha: "Dobrarás a cerviz do opulento!"
E
o teto: "Elevarás do opróbrio o pequenino!"
E
os reis: "Rei, no teu reino, entrarás entre palmas!"
E
os pastores: "Pastor, chamarás os eleitos!"
E
a estrela: "Brilharás, como Deus, sobre as almas!"
Muda
e humilde, porém, Maria, como escrava,
Tinha
os olhos na terra em lágrimas desfeitos;
Sendo
pobre, temia; e, sendo mãe, chorava.
(ALMANAQUE
CHUVA DE VERSOS, 441, JOSÉ FELDMAN)
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