CLÁSSICOS DA LITERATURA
TEMPO-ETERNIDADE
Paulo Mendes Campos
O instante é tudo para mim que ausente
Do segredo que os dias encadeia
Me abismo na canção que pastoreia
As infinitas nuvens do presente.
Pobre do tempo, fico transparente
À luz desta canção que me rodeia
Como se a carne se fizesse alheia
À nossa opacidade descontente.
Nos meus olhos o tempo é uma cegueira
E a minha eternidade uma bandeira
Aberta ao céu azul de solidões.
Sem margens, sem destino, sem história,
O tempo que se esvai é minha glória
E o susto de minha alma sem razões.
Comentários