A LADRA
Filemon
Martins
Meu amigo e Escritor Geraldo Peres
Generoso, da Academia de Letras “Flor do Vale” de Ipaussu, me contou esta
história, que aconteceu com sua avó, Dona Benedita, na cidade de Ipaussu,
interior de São Paulo.
A família tinha uma empregada doméstica eficiente e
de confiança, que já trabalhava com a família há bastante tempo. Não havia
problemas e nem preocupações, porque a empregada era responsável e administrava
bem o serviço de casa e tudo corria normalmente. Por circunstâncias não
explicadas, a empregada teve que deixar a família e ao que parece, não poderia
mais retornar às suas atividades na casa da avó do meu amigo.
Diante do imprevisto, a família se viu obrigada a
contratar outra, e às pressas, acabou contratando uma nova empregada, sem a
devida verificação dos antecedentes e sem pedir referências de empregos
anteriores. Passou uma semana e a moça aprontou. Num dia tranquilo, com o
pessoal da casa ausente, fez uma limpeza na casa e levou não só objetos, como
também um talonário de cheques de Dona Benedita, avó do Geraldo. Após a
decepção e a confusão que reina quando se é roubado, uma neta se prontificou a
acompanhar a avó na delegacia da cidade e ao banco para resolver o problema dos
cheques. Lá se foram as duas para a delegacia onde registraram o chamado BO
(Boletim de Ocorrência). No banco, também, foram bem atendidas, e o
funcionário, solícito, após preencher os papéis de praxe, tentou acalmar a avó
do Geraldo, dizendo: “a senhora pode ficar sossegada, que já preenchi a
papelada e vou sustar os pagamentos dos cheques.” A avó do Geraldo, que não
ouvia muito bem, virou-se para a neta e sapecou: - “Tá vendo? No meu tempo eles
pegavam e prendiam, agora não, ele vai “assustar” a ladra. Onde já se viu? Tem
que pegar e prender. Assustar, ora essa. Por isso, que as coisas não funcionam
no Brasil”. E saiu da agência bancária, resmungando.
Dona Benedita faleceu bem idosa, quase aos 90 anos e
era chamada carinhosamente de vó Dita.
De fato, a violência cresce assustadoramente no
Brasil e o banditismo ganha espaço, sob os olhos beneplácitos de nossas
autoridades. Em todos os setores de atividade, pelo que se lê nos jornais, pelo
que se ouve e vê na televisão e pelo que se vê nas ruas das cidades, há o
domínio de quadrilhas que, sob a imposição do medo e da força, fazem o que bem
entendem. Enquanto isso, o cidadão comum e honesto fica refém da insegurança e
da violência.
Hoje, com a pandemia exigindo recolhimento, enquanto
o cidadão está em isolamento social ou distanciamento, como queiram, vem o
judiciário e começa a soltar presos que estavam cumprindo suas penas, sob a
falsa alegação de que todos devem ser protegidos do Coronavírus.
Ora, é sabido que a maioria dos hospitais estão sem
equipamentos necessários à proteção de seus funcionários e pacientes, por que
não advertem oficialmente governadores e autoridades competentes para sanar com
urgência essas falhas? Por que não se contratam empresas brasileiras para
fabricação de máscaras, luvas, aventais e outros apetrechos que possam dar
segurança a quem precisa trabalhar?
Parece que algumas pessoas só pensam em ganhar
dinheiro, como se fossem levar tamanha fortuna para o túmulo. Ledo engano.
Deste modo, de erro em erro, de farsa em farsa, o
governo vai desviando o dinheiro das necessidades públicas para o pagamento de
juros ao capitalismo estrangeiro e globalizado. Quem sempre pagou as contas
fomos nós, o povo, o trabalhador, os servidores municipais, estaduais e
federais concursados. A elite brasileira, banqueiros, industriais, grandes
empresários, deputados e senadores? Nem pensar. Aliás, são os poucos que
aplaudem o governo, especialmente os banqueiros e agora a turma das bolsas e do
auxílio emergencial.
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