SONETO
GUILHERME DE ALMEIDA
Fico – deixas-me velho. Moça e bela,
partes. Estes gerânios encarnados,
que na janela vivem debruçados,
vão morrer debruçados na janela.
E o piano, o teu canário tagarela,
a lâmpada, o divã, os cortinados:
“Que é feito dela?” – indagarão – coitados!
E os amigos dirão: “Que é feito dela?”
Parte. E se olhando atrás, da extrema curva
da estrada, vires, esbatida e turva,
tremer a alvura dos cabelos meus,
irás pensando, pelo teu caminho,
que essa pobre cabeça de velhinho
é um lenço branco que te diz adeus!
(Do livro “MEUS VERSOS MAIS QUERIDOS”, páginas 49/50)
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