OLHAR
José Ouverney
Olhar... Mais
que um olhar! É feito chama.
Não quero
olhar. Passo depressa. Evito
o “olhos nos
olhos”: refinada trama
que me mantém
desgovernado e aflito.
Olhar que
lembra o olhar de quem ama
e ao mesmo
tempo foge. Olhar bonito,
puro,
perjuro... juro: olhar de cama!
Olhar de
súplica! Olhar maldito!
Não quero
olhar, não posso olhar. É afronta.
Render-me aos
seus encantos de mulher
é um mal que
poderá não ter remendo;
mas, de
repente, sem que eu me dê conta,
eis-me, outra
vez... como quem nada quer...
parado... À
espera de um olhar... querendo...
(BALI –
LETRAS ITAOCARENSES, página 12)
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