VIDA INÚTIL

VIDA INÚTIL

Antenor P. da Silva (1896 – 1969)

Vida inútil que o tempo atroz consome,
Sem nada por deixar de seu passado,
Pó do solo – viver vulgar frustrado,
Vida vazia de um vazio nome.

Desenho em nuvem, pensamento alado,
Que apenas nasce, logo esgarça e some.
Barco à deriva, sem que rumo tome
No mar do tempo sempre revoltado.

Vida que em vão no mundo procurou
O bem, o amor e da ventura a calma
E o mal e o ódio e a desventura achou.

Vida inútil que nunca teve a palma,
Que falta nunca fez e até sobrou!
Vida que é nada e que ainda tem alma!


(Postal Clube-Antologia 13, página 12)

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