Os cisnes
Júlio Mário Salusse
(1872-1948)
A vida, manso lago azul
algumas
Vezes, algumas vezes mar
fremente,
Tem sido para nós
constantemente
Um lago azul sem ondas, sem
espumas,
Sobre ele, quando,
desfazendo as brumas
Matinais, rompe um sol
vermelho e quente,
Nós dois vagamos
indolentemente,
Como dois cisnes de
alvacentas plumas.
Um dia um cisne morrerá, por
certo:
Quando chegar esse momento
incerto,
No lago, onde talvez a água
se tisne,
Que o cisne vivo, cheio de
saudade,
Nunca mais cante, nem
sozinho nade,
Nem nade nunca ao lado de
outro cisne!
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