ORAÇÃO DO POETA
Luiz Otávio
Senhor! Eu vos agradeço, humildemente, por terdes, entre muitos,
dado a mim o dom da poesia! Fazei que jamais eu esqueça de que nada sou, e que
de Vós, tudo me veio! Não permitais que eu use os meus versos para bajular os
poderosos e humilhar os pequeninos! Nas vitórias de meus irmãos que eu sinta a
mesma alegria que sentiria se elas fossem minhas! Se generosamente, a mim
trouxerem coroas de louro, que eu as receba com a mesma humildade com que Vós
aceitastes a coroa de espinhos! Que na realidade eu não seja outro diferente
daquele mostrado na minha poesia! Que eu ouça com serenidade as críticas dos
amigos, as invejas dos invejosos, e os elogios dos bajuladores! Que eu cante
singelamente, como um pássaro liberto, o canto que Vós me destes sem me
preocupar com os aplausos deste mundo! Que meus versos sirvam de estímulo aos
jovens, de consolo aos velhos, de esperança aos aflitos, e de paz aos
angustiados. Que minha vida e minha poesia, nos minutos de alegria e nos momentos
de dor, sejam sempre condensadas numa só palavra: A M O R!…
(ALMANAQUE CHUVA DE VERSOS 385, JOSÉ FELDMAN)
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