SAUDADES
FLORBELA ESPANCA
Saudades! Sim...
talvez... e por que não?...
Se o nosso sonho foi
tão alto e forte
que bem pensara vê-lo
até à morte
deslumbrar-me de luz o
coração!
Esquecer! Para quê?...
Ah! Como é vão!
Que tudo isso, Amor,
não nos importe.
Se ele deixou beleza
que conforte
deve-nos ser sagrado
como o pão!
Quantas vezes, Amor,
já te esqueci,
para mais doidamente
me lembrar,
mais doidamente me
lembrar de ti!
E quem dera que fosse
sempre assim:
quanto menos quisesse
recordar
mais a saudade andasse
presa a mim!
(OS MAIS BELOS SONETOS
QUE O AMOR INSPIROU, PÁGINA 235 – VOLUME II)
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