SONETO
DA ÁRVORE SOBRE O RIO
Paulo
Bomfim (Poeta paulista)
Deito-me
em ti com ramos e folhagem
E
pássaros e orquídeas de loucura;
Do
musgo do meu gesto nasce a imagem
Que
atiro em teus caminhos de procura.
Em
meus braços aflitos a paisagem
Transforma-se
no vento que murmura,
E
os raios iluminam a mensagem
Fogo
que morre sobre a fonte pura.
Debruço
em ti a sombra e a cor das mágoas;
Sou
passado e futuro na tormenta,
Raízes
marcham sob um chão que é cego...
Afogo-me
no espelho destas águas:
— Guarda de mim a vida que se ausenta,
E
estes frutos eternos que te entrego.
(ALMANAQUE
CHUVA DE VERSOS Nº 432, JOSÉ FELDMAN)
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