Um Soneto de São Paulo/SP
Paulo Bomfim
TRANSFIGURAÇÃO, I
Venho de longe, trago
o pensamento
Banhado em velhos
sais e maresias;
Arrasto velas rotas
pelo vento
E mastros carregados
de agonias.
Provenho desses mares
esquecidos
Nos roteiros de há
muito abandonados
E trago na retina
diluídos
Os misteriosos portos
não tocados.
Retenho dentro da
alma, preso à quilha
Todo um mar de
sargaços e de vozes,
E ainda procuro no
horizonte a ilha
Onde sonham morrer os
albatrozes...
Venho de longe a
contornar a esmo,
O cabo das tormentas
de mim mesmo.
(ALMANAQUE CHUVA DE
VERSOS Nº 432/JOSÉ FELDMAN)
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