UM OLIVEIRA EM MINHA VIDA
Quando trabalhei na Empresa Folha da Manhã S/A havia um
funcionário, entre outros, que trabalhava comigo no Departamento de Créditos e
Cobranças do jornal Folha de S. Paulo. Um excelente funcionário, diga-se.
Ocorre que em época de crise, a Empresa começava a cortar gastos. Servia-se chá
e café, neste caso o chá era cortado. A Diretoria reunia-se com os gerentes e
exigia corte no pessoal. Numa dessas reuniões, o nome de Oliveira veio para o
corte. Tentei argumentar, mas não adiantou. Era eu ou ele. Chamei o Oliveira
numa boa e conversamos: era a dispensa dele, fazer o que? O Oliveira aceitou
tranquilo. Tempos depois eu deixei a Empresa e por concurso público entrei para
a Pref. do Município de São Paulo, na gestão de Luiza Erundina. Trabalhei,
trabalhei e o salário foi diminuindo até que na gestão do Sr. Paulo Maluf
diminuiu de vez.
Outra vez, por concurso público, fui para o Judiciário Federal,
mais especificamente para o Tribunal Regional Federal – 3ª Região, que ficava
no Largo São Francisco, bem perto da Faculdade de Direito. Com a decadência do
centro velho, o TRF3 se mudou para a Av. Paulista, 1842. Naquela época, a
internet dava os primeiros passos. As notícias e informações vinham dos jornais
e das revistas. E certo dia, na hora do almoço eu estava na banca de jornais na
Paulista, sapeando as manchetes de jornais, quando alguém toca no meu ombro e
fala meu nome. Ao me virar lá estava o Oliveira, por um momento pensei: será
que o Oliveira mudou de ideia e veio acertar as contas comigo? Mas, ele me
cumprimentou e a conversa transcorreu serena. A certa altura, ele me disse,
sabe onde estou trabalhando, Filemon? Fiz concurso e estou lotado num gabinete
de um Desembargador Federal e acrescentou, agora você não poderá mais me demitir.
Com razão, Oliveira. Depois eu me aposentei, mas o meu amigo continua lá
desempenhando e muito bem as suas funções no TRF – 3ª Região. Como o mundo é
pequeno!
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