RECORDAÇÃO




Recebi, do amigo Antônio Monteiro, de São Paulo, correspondência com o seguinte bilhete:
“Filé, com a ajuda da excelente memória que Deus me deu, transcrevi para este papel, também escrito a máquina de escrever, estes lindos versos em forma de TROVAS, que você tão humildemente me enviou, por volta dos idos de 1968, ainda em Morpará (Ba), há 50 anos. É para o amigo ver, olhar, apreciar, lembrar, relembrar e recordar os versos de sua própria autoria.” Abraços, Antônio Monteiro

Eis os versos:

RECORDAÇÃO

Filemon F. Martins

Relembro aqueles tempos de criança,
aquelas tardes que não voltam mais,
quando corria cheio de esperança
em busca dos meus sonhos e ideais.

Relembro aquela quadra venturosa,
os versos que escrevia no Sertão,
quando vivia em busca de uma rosa
que me amasse de todo o coração.

Hoje, recordo com saudade imensa
aqueles campos, flores naturais;
mas não tenho consolo ou recompensa,
pois esse tempo não me volta mais.

Relembro e em sonho vejo aquela serra (*)
que às vezes contemplava comovido,
admirando a beleza que se encerra
nos matagais do meu torrão querido.

Recordo o meu estudo de criança
e com saudades lembro os ideais,
e aqueles dias cheios de esperança
cheios de flores, sonhos irreais.

Por isso eu vivo a recordar os sonhos
e aqueles tempos de venturas tais,
tempos que para mim foram risonhos,
mas que na vida não desfruto mais.

(*) – SERRA DO CARRANCA

Nota do autor: eu tinha 18 anos quando escrevi este poema, que, graças ao amigo Antônio Monteiro, não se perdeu no tempo. Minha gratidão, amigo.



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