SONETO ANTOLÓGICO DE PEDRO ORNELLAS
RESGATANDO AURORAS
Meu verso é o eco de um fugaz
anseio
que brotou cedo e cedo foi
desfeito...
Grito sem som no abismo do meu
peito,
promessa vã de um bem que nunca
veio.
Meu verso, embora de pesar tão
cheio,
por outro lado é gratidão, é preito
por esse dom, que sempre arruma um
jeito
de suavizar o que é medonho e feio.
Na direção de um norte imaginário
meu verso, inverso à rigidez das
horas,
à risca risca o próprio
itinerário...
Já não se prende ao jugo das
demoras
e, avesso ao senso, e à lucidez
contrário,
vai pela noite resgatando auroras!
(DO LIVRO RESGATANDO AURORAS)
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