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PEGUEI O MEU BONÉ E FUI...
Filemon Martins

Nossa história começa na campanha eleitoral ao governo do Estado de São Paulo em 1982. Eram candidatos Franco Montoro (PMDB), Reynaldo de Barros (PDS), Jânio Quadros (PTB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Na época, eu fazia o curso de Administração, na Faculdade de Administração e Ciências Econômicas Santana, na Rua Voluntários da Pátria e havia um professor de português, cujo nome não citarei, que lecionava nessa Faculdade e também na PUC, campus de Perdizes.
Esse professor nos informou na classe que era candidato a deputado estadual pelo PMDB, legenda de Franco Montoro, pediu voto e se eleito prestaria contas de tudo que acontecesse em seu eventual mandato. Com o resultado das eleições, Montoro foi eleito novo governador de São Paulo. Mas o nosso professor, apesar de receber boa votação não foi eleito. Contudo, foi convidado para assumir uma secretaria de Estado no governo Montoro. Aceitou e assumiu.
Confessava em sala de aula seu descontentamento com o fato de haver no portão da Faculdade um carro oficial com motorista à sua disposição. - Já reclamei, dizia ele, mas dizem que é obrigatório, inerente ao cargo que ocupo. E os meses foram passando. Certo dia, ele nos disse: ¨pedi demissão. Não sou mais secretário de pasta nenhuma¨. Motivo? Ele nos contou. Estavam subordinados ao secretário, no caso ele, quase 200 funcionários espalhados pelo prédio. Num dia estressante, ele pediu a presença de dois funcionários e a secretária se pôs a campo para encontrá-los e nada. Estavam ali, ele, a secretária e mais ninguém. Ele se irritou, resmungou e tomou uma decisão. Naquele mês ele entregaria os holerites pessoalmente a cada funcionário. Queria conhecê-los. E assim o fez. Mas nas semanas que se seguiram a pressão começou e cresceu de todos os lados da secretaria. Diziam: - quem é esse cara, o que ele pensa que é? O professor não encontrou respaldo legal e menos ainda apoio de seu superior e não teve outra saída. Pegou o seu boné e disse eu me demito: - fui.
Não soubemos quem o substituiu, mas deduzimos que quem entrou em seu lugar, deixou exatamente como estava.
É possível fazer uma analogia no episódio envolvendo o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro e o Presidente da República, Jair Bolsonaro. Quem estava no cargo discordou do andar da carruagem e quem entrar, evidentemente, vai atender aos anseios de quem detém o poder. Resta saber se vai dar certo daqui pra frente. Vamos aguardar. 2022 é logo ali.   

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