QUEM
FOI BENEDITO CALIXTO DE JESUS?
Filemon Martins
Benedito Calixto de Jesus nasceu na antiga Vila de
Nossa Senhora da Conceição de Itanhaém, hoje cidade de Itanhaém, em 14 de
outubro de 1853, filho de João Pedro de Jesus e de Ana Gertrudes Soares de
Jesus.
Passou
sua infância e adolescência em Itanhaém, onde iniciou seus estudos e residiu
até os 20 anos de idade, tendo cursado a escola do Mestre João do Espírito
Santo. Desde pequeno revelava sua predileção pelo desenho e pela pintura e já
aos 12 anos demonstrava seu talento invulgar.
Benedito
Calixto de Jesus Neto, escrevendo sobre seu avô, informa que “sua paixão era
desenhar com barras de carvão que ele mesmo preparava, os aspectos das
paisagens do local em que vivia. Ajudava ainda o velho vigário nos misteres da
Igreja Matriz, acompanhando-o Rio Preto e Rio Branco acima, na sua obra
missionária. Pintava “ex-votos” que os fiéis seus amigos penduravam, cumprindo
promessas, ao lado dos altares dos santos de suas devoções, na Igreja Matriz”.
A
cidade de Itanhaém se tornou pequena para o grande talento que desabrochava e
assim, Benedito Calixto de Jesus se transfere para Santos em busca de melhores
condições e oportunidades. Em Santos, o jovem pintor começa a pintar tabuletas,
fazendo composições e figuras de paredes e nos tetos de mansões da elite
santista.
Já
em 1877, com 24 anos, retorna a Itanhaém e se casa com Antonia Leopoldina de
Araújo, sua prima. Depois de alguns anos, decide morar na cidade de Brotas,
interior de São Paulo, perto do seu irmão, onde aprimora suas telas e termina
vários quadros, organizando sua primeira exposição, no jornal “Correio
Paulistano”, em São Paulo.
Em
1882 volta a Santos, onde conhece o construtor Tomaz Antonio de Azevedo e
começa a trabalhar em sua oficina. Nessa ocasião, o jovem pintor é convidado e
faz a decoração da nova sala de espetáculos do Teatro Guarani, cujo projeto de
construção era do engenheiro Manuel Garcia Redondo. Impressionado com o
resultado obtido por Benedito Calixto de Jesus, o engenheiro Garcia Redondo
intermediou junto ao Visconde Nicolau Pereira de Campos Vergueiro, uma bolsa de
estudos na Europa.
O
Teatro Guarani foi inaugurado a 7 de dezembro de 1882, tendo sido homenageados
no palco o construtor engenheiro Garcia Redondo e o artista plástico Benedito
Calixto, como decorador. No início de 1883, Benedito Calixto de Jesus viaja
para Paris, onde estuda por 18 meses nas mais diversas escolas de Paris, entre
outras, ateliê de Jean François Raffaelli e Academia Jullien, aprimorando sua
arte predileta e descobrindo a fotografia.
Retornando
ao Brasil, no ano seguinte, traz em sua bagagem um equipamento fotográfico,
apaixonando-se pela fotografia, que muito o ajudaria no registro de paisagens
locais e na elaboração de diversas telas de cunho religioso e histórico.
A
Enciclopédia Larousse Cultural apresenta Benedito Calixto, como “pintor
brasileiro (Itanhaém – SP – 1853 – São Paulo – SP – 1927), autor de marinhas,
temas religiosos, cenas históricas e de gênero. Executou trabalhos nas igrejas
de Santa Cecília e Nossa Senhora da Consolação, em São Paulo, capital. Entre
suas obras mais conhecidas estão: Anchieta escrevendo na praia, Bartolomeu de
Gusmão e Praia de São Vicente”. (página 1063).
A
obra de Benedito Calixto se completa com paisagens, pinturas históricas,
marinhas e retratos, fazendo exposições no Rio de Janeiro (1900), São Paulo
(1904), Belém (1907) e nos Estados Unidos com uma obra premiada na Exposição
Internacional de St. Louis (1904). Sua ligação com a Igreja Católica, painéis
na Igreja de Santa Cecília (SP-1909), Igreja Santa Ifigênia (SP-1912), Igreja
da Consolação (SP-1918), Catedral de Ribeirão Preto (SP-1917), Catedral de
Amparo (SP-1918), Igreja de Vitória (Espírito Santo) e tantas outras fizeram
com que o Papa Pio XI o agraciasse em 1924 com a Comenda da Ordem de São
Silvestre.
A
paixão de Benedito Calixto de Jesus não ficou só na pintura e na fotografia,
mas também se desenvolveu na palavra escrita. Escreveu e publicou vários
artigos e livros, entre outros, “A VILA DE ITANHAÉM” (1895), “OS PRIMITIVOS
INDIOS DE NOSSO LITORAL” (1905), “RELÍQUIAS HISTÓRICAS DE SÃO VICENTE”,
“CAPITANIAS PAULISTAS” (1924) e “A IGREJA E O CONVENTO DE NOSSA SENHORA DA
CONCEIÇÃO DE ITANHAÉM”.
Infelizmente,
não é fácil encontrar seus escritos hoje em dia, mesmo na Biblioteca Municipal
Poeta Paulo Bonfim, de Itanhaém, pouco se tem a respeito do ilustre filho de
Itanhaém, que faleceu em São Paulo em 31.05.1927, sendo sepultado no cemitério
do Paquetá, na cidade de Santos.
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