(FOTO RETIRADA DO LIVRO IPUPIARA & IBIPETUM, 2ª EDIÇÃO, DE ARIDES LEITE SANTOS)
A SAIA E OS OVOS
Filemon Martins
O comerciante Sr. Getúlio Ribeiro
Barreto já estava estabelecido naquela cidade há muito tempo. Sua loja bem
sortida vendia tecidos, bugigangas, miudezas, aviamentos e outras coisas mais.
Cidade pequena e sem recursos, cuja subsistência era a agricultura familiar,
pouco vendia durante a semana, exceto na 2ª feira, porque nesse dia havia feira
e muita gente se dirigia ao local para vender seus produtos produzidos nas
pequenas roças e quintais ou para comprar tecidos, materiais de costura, sabonetes,
creme dental, vasilhames etc. Dona Mariquinha morava nos Arrabaldes e
trabalhava duro em sua lavoura, plantando milho, feijão, batata doce, aipim,
frutas e criando galinhas, muitas galinhas que lhe produzia grande quantidade
de ovos de excelente qualidade. Esses ovos Dona Mariquinha os vendia lá na
feira, cujos fregueses já aguardavam sua chegada para a compra dos ovos e
também de outros produtos, como frutas, verduras e legumes.
Um de seus fregueses era o
comerciante Sr. Getúlio e Dona Mariquinha numa dessas visitas se mostrou
interessada em comprar um tecido para fazer uma nova saia. Foi na loja sondar o
preço do tecido e das linhas que precisava para confeccionar sua tão sonhada
saia. E começou o diálogo: - quanto custa o metro deste tecido e deste tubo de
linha? O comerciante que a atendia ia
informando os preços do tecido, do tubo de linha desta ou daquela cor. – E
aquele ali é mais barato? – perguntava
Dona Mariquinha, enquanto o lojista respondia, - ¨não, é tudo o mesmo preço,
seja lá que tubo for¨. Dona Mariquinha, então, falou: -¨tá bom, eu vou vender o
restante dos ovos e volto depois. Mas, ó, se tu me puxar na saia, eu te puxo
nos ovos¨! Como diz o ditado: ¨Olho por olho, dente por dente¨. Getúlio Barreto
posteriormente se tornou prefeito da cidade e exerceu o mandato de janeiro de
1983 a dezembro de 1988. Faleceu a 17 de outubro de 2000, aos 79 anos.
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