QUANDO O OUTONO CHEGA...


                                                                 (Foto da internet)


QUANDO O OUTONO CHEGA...
Filemon Martins


Fim de verão. O mês de maio está em curso. Estamos vivendo entre o outono e o inverno. A natureza faz o seu espetáculo. Uma nova paisagem de outono. Folhas e flores voam ao sabor dos ventos. A primavera está logo ali. Quase sempre, folhas, flores, frutos e borboletas misturam as cores da terra e do céu. Move-se, nesse cenário, um sentimento agridoce que faz da minha alma um tabernáculo.
De graça a natureza cria e recria paisagens, desafiando a dureza dos corações humanos. Meu coração é uma catedral abandonada, onde a solidão desfila todos os dias, todas as horas e todas as noites. Inspira-me versos. Fico impregnado de saudade. De saudosismo talvez. Se o céu é azul, doce é o meu pensar. Meu coração não fala, mas sente com emoção, com devoção. É a vida passando...
Sou um passageiro da terra, num trem desgovernado que tento parar. Para ver de novo um rosto que se foi. Estou consciente: são coisas do coração. Inexplicáveis. Inconcebíveis. Não consigo parar a condução. A viagem continua. Fico debruçado na janela do tempo. Contemplo a imensidão do Universo. Descubro que o meu olhar é triste. No curso da viagem, vejo-me por dentro e agora me sinto como um passageiro do “TITANIC”. À deriva no mar de sonhos. Navego com o coração. Descubro decepções em cada porto da vida.
Às vezes, penso que estou voltando. Mas, por onde já andei? Não sei. Mas sei que sinto dor. Essa dor que desafia os avanços da Medicina. As teses da Física. No coração há um sopro de um Deus que ninguém explica, mas que existe. Que movimenta todo o Universo, que é um espetáculo para quem sabe admirar a beleza. Mas até quando? Mistério insondável.
Assim como as folhas, flores, frutos e borboletas, nada é permanente. Tudo se transforma, já dizia Lavoisier. Também o ser humano, com suas limitações. Contudo, Cristo é eterno. Detenho-me diante da ternura do Nazareno. Esbarro no mistério da vida. Da vida que passa tão rapidamente. No mistério da fé. Quisera ter o dom da fé. Será que me perdi nas indagações que fiz? Nas respostas que não tive? Enfim, são emoções do nosso outono. Ou melhor, ANSEIOS DO CORAÇÃO.



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