(Foto da internet)
QUEM FOI O BAIANO
MILTON SANTOS?
Mário Ribeiro Martins* (07/08/1943-18/03/2016)
MILTON SANTOS
(Milton de Almeida Santos), de Brotas de Macaúbas, Bahia, 03.05.1926, escreveu,
entre outros, “O CENTRO DA CIDADE DE SALVADOR” (1959), “O TRABALHO DO GEÓGRAFO
NO TERCEIRO MUNDO” (1971), “O ESPAÇO DIVIDIDO” (1975), “POR UMA GEOGRAFIA NOVA”
(1978), “ESPAÇO E SOCIEDADE” (1979), “PENSANDO O ESPAÇO DO HOMEM” (1982),
“ESPAÇO E MÉTODO” (1985), sem dados biográficos nos livros e sem qualquer outra
informação ao alcance da pesquisa, via textos publicados. Após os estudos
primários em sua terra natal (de onde também procede o autor destas notas),
deslocou-se para outros centros, onde também estudou.
Filho de professores primários, aprendeu a ler e a escrever aos cinco anos de
idade, sem frequentar qualquer escola, pois era orientado pelos pais, na
vetusta Brotas de Macaúbas. Filho de Adalgisa Umbelina de Almeida Santos e
Francisco Irineu dos Santos.
Aos oito, já dominava a álgebra e dava os primeiros passos no francês.
Em 1936, mudou-se para Salvador, sendo matriculado, com dez (10) anos de idade,
no Instituto Baiano de Ensino. Descendente de escravos emancipados antes da
Abolição, pensou fazer engenharia, mas desistiu ao saber da discriminação
contra negros na Escola Politécnica de Salvador.
Concluído o Ginásio, matriculou-se na Faculdade de Direito, da Universidade da
Bahia, onde se formou em 1948, quando tinha 22 anos de idade. Tornou-se
Advogado em Ilhéus, no interior baiano, durante algum tempo, quando também
lecionou Geografia nas escolas da cidade. De volta a Salvador, continuou
lecionando e trabalhando como Repórter do jornal A TARDE.
Nos anos seguintes, viajou para a França. Em 1958, quando tinha 32 anos,
terminou o Doutorado em Geografia, pela Universidade de Estrasburgo, no interior
da França. De volta à Bahia, em 1959, escreveu seu primeiro livro sobre a
cidade de Salvador.
Atuou como jornalista, tendo acompanhado Jânio Quadros numa viagem a Cuba, em
1960, época em que já era um geógrafo conhecido em seu Estado. Tornou-se amigo
e profundo admirador de Jânio, chegando a ser subchefe da Casa Civil e
representante do governo federal em seu Estado. Mas se decepcionou com a
renúncia do então presidente, em agosto de 1961.
Em 1964, presidiu a Comissão Estadual de Planejamento Econômico, órgão do
governo baiano. Durante sua permanência na comissão, foi autor de propostas
polêmicas, como a de criar um imposto sobre fortunas. Durante o regime militar,
combinou as atividades de redator do jornal "A Tarde", de Salvador, e
a de professor universitário. Na época, defendeu posições nacionalistas e
denunciou as precárias condições de vida dos trabalhadores do campo.
Por causa de suas posições políticas, acabou sendo demitido da Universidade
Federal da Bahia e passou 60 dias preso no quartel do Bairro de Cabula, em
Salvador. Só foi libertado porque sofreu um princípio de infarto e um derrame
facial.
Aconselhado por amigos, aceitou convite para lecionar no exterior. Nomeado
Professor da Universidade de Bordeaux (interior da França), lecionou também na
Universidade de Sorbonne, em Paris. Seguiu para os Estados Unidos, tendo
trabalhado no Instituto de Tecnologia de Massachusetts. Foi professor das
Universidades de Paris (França), Columbia, em Nova York (EUA), Toronto (Canadá)
e Dar Assalaam (Tanzânia). Também lecionou na Venezuela e Reino Unido.
Só regressou ao Brasil em 1977, com 51 anos de idade, na época da
"distensão". Mudou-se para São Paulo, tornando-se professor, em 1984,
da Faculdade de Filosofia, Ciências Humanas e Letras da USP (FFLCH), consultor
da OIT (Organização Internacional do Trabalho), da OEA (Organização dos Estados
Americanos) e da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência
e Cultura).
Com o passar do tempo, tornou-se especialista em problemas urbanos dos países
subdesenvolvidos, tendo sido Consultor dos Governos da Argélia e de
Guiné-Bissau. Fez-se reconhecido internacionalmente, tendo sido professor na
França, nos Estados Unidos, na Tanzânia e na Venezuela, entre outros. Expoente
do movimento de renovação crítica da Geografia.
Por concurso público de provas e títulos, tornou-se Professor Titular da
Universidade de São Paulo. GEÓGRAFO BRASILEIRO. Escritor, Ensaísta,
Pesquisador. Memorialista, Intelectual, Educador. Cronista, Contista,
Ficcionista. Literato, Conferencista, Produtor Cultural. Administrador, Orador,
Poeta.
Em 1994, ganhou o Prêmio Internacional de Geografia VAUTRIN LUD, bem como o Prêmio
Homem de Ideias, do JORNAL DO BRASIL e ainda o Prêmio Gilberto Freyre de
Brasilidade, da Federação do Comércio de São Paulo.
Ao longo de sua carreira de mestre, recebeu 12 (doze) títulos de DOUTOR HONORIS
CAUSA, de diferentes Universidades estrangeiras. Era membro da Comissão de
Justiça e Paz, da Arquidiocese de São Paulo, desde 1991.
Em 1997, com 71 anos de idade, esteve na Universidade Federal de Goiás, em
Goiânia, quando falou sobre “O PAPEL DO INTELECTUAL NO SÉCULO XXI”. Escrevia
para o jornal FOLHA DE SÃO PAULO.
Faleceu em São Paulo, em 24.06.2001, com 75 anos de idade, sendo enterrado no
Cemitério da Paz, no Morumbi. Pai de dois filhos, um deles Rafael Santos. Na
MOSTRA MULTICULTURAL MILTON SANTOS, promoção da Universidade Federal de Goiás,
em junho de 2002, uma homenagem lhe foi prestada pelo professor de Geografia da
USP, Francisco Capuano Scarlato, que fez conferência sobre a sua vida e obra.
O grande pecado do baiano Milton Santos foi, tendo nascido em Brotas de
Macaúbas, na Chapada, jamais ter dado a devida importância à CHAPADA
DIAMANTINA, não no sentido de mencionar em seus livros de Geografia, mas no
sentido de estudá-la e DIVULGÁ-LA com mais vigor, eis que nela nascera.
Apesar de sua importância, não é mencionado no livro BAIANOS ILUSTRES, de
Antonio Loureiro de Souza, não é referido na ENCICLOPÉDIA DE LITERATURA
BRASILEIRA, de Afrânio Coutinho e J. Galante, edição do MEC, 1990, com revisão
de Graça Coutinho e Rita Moutinho, em 2001 ou DICIONÁRIO HISTÓRICO-BIOGRÁFICO
BRASILEIRO (2001), da Fundação Getúlio Vargas e nem, em nenhuma das
enciclopédias nacionais, Delta, Barsa, Larousse, Mirador, Abril,
Koogan/Houaiss, Larousse Cultural, etc.
É verbete do DICIONÁRIO BIOBIBLIOGRÁFICO REGIONAL DO BRASIL, de Mário Ribeiro
Martins, via INTERNET, dentro de ENSAIO, no site www.usinadeletras.com.br.
Mário Ribeiro Martins era escritor e Procurador de Justiça do Estado de Goiás.
Comentários