(IMAGEM DA INTERNET)
SE EU FOSSE O PATRÃO...
Filemon Martins
Bom, se eu fosse o patrão, como quer me fazer acreditar a Justiça Eleitoral, o país chamado Brasil, nos dias que correm, trilharia outros rumos.
Na política brasileira, por exemplo, não há
nenhuma garantia de que os programas de governo apresentados pelos candidatos
sejam cumpridos. A maioria dos eleitores brasileiros, quando discute política,
quer seja no bar da esquina, no mercado, na barbearia ou no trabalho não tem
noção de sua responsabilidade. Há um ditado dos adeptos da boa convivência que
diz: futebol, religião e política não se discutem. Assim, quando se conversa
sobre política, o eleitor, quase sempre pouco letrado, quer saber se em casa
ele e os filhos têm farinha e talvez, quem sabe, uma galinha. Ou seja, uma
esmola.
Infelizmente, as discussões ocorrem superficialmente e o governo alimenta este quadro de miséria, com tamanha habilidade, que não há argumentos que convençam quem quer apenas um prato de comida. Por outro lado, quando eu, sendo patrão, deposito na urna meu voto, elegendo o candidato escolhido, imediatamente perco o patronato. De patrão, passo a ser vítima. Desapontado, vejo que o candidato escolhido e eleito, agora comandante do barco, começa a navegar sem rumo e tudo o que foi prometido em campanha, escoa pelo ralo. As prioridades são outras. O programa que o elegeu foi rasgado sem o meu consentimento. E eu, o patrão... nada posso fazer.
Infelizmente, as discussões ocorrem superficialmente e o governo alimenta este quadro de miséria, com tamanha habilidade, que não há argumentos que convençam quem quer apenas um prato de comida. Por outro lado, quando eu, sendo patrão, deposito na urna meu voto, elegendo o candidato escolhido, imediatamente perco o patronato. De patrão, passo a ser vítima. Desapontado, vejo que o candidato escolhido e eleito, agora comandante do barco, começa a navegar sem rumo e tudo o que foi prometido em campanha, escoa pelo ralo. As prioridades são outras. O programa que o elegeu foi rasgado sem o meu consentimento. E eu, o patrão... nada posso fazer.
Já estamos vivendo no terceiro milênio. Não se
pode negar que a evolução em todos os níveis da vida moderna é um fato
incontestável. Os avanços da informática, da tecnologia, da medicina, da física
e da matemática são fantásticos. Não há dúvida de que o mundo mudou. Mas, para
nossa infelicidade, uma coisa não mudou: os políticos brasileiros. Continuam
individualistas, personalistas, egoístas e não sabem desempenhar o mandato que
o eleitor os outorgou. Quando eleitos, imaginam-se donos do poder, donos do
dinheiro público e aí podem trocar os votos que os elegeu por cargos, comissões
para seus filhos, parentes ou mesmo para partidos. Aprovam projetos e reformas,
ainda que prejudiciais à coletividade, ao povo e ao trabalhador, desde que
recebam propinas (mensalão, bingos, correios, sanguessugas, petrolão).
Ora, se eu fosse o patrão, no Congresso Nacional
não haveria mais mensalistas, sanguessugas, quadrilheiros e muito menos
coniventes (aqueles que se dizem sérios, mas se calam diante das negociatas
ilícitas). Contudo, o que se vê na TV e nos jornais são candidatos oportunistas
e cínicos, flagrados com a mão na cumbuca, escondidos atrás de uma agência de
propaganda que os transformam em santos perante a sociedade. Outros há que
renunciaram ao mandato para fugir da cassação e agora estão aí postulando novos
cargos. Alguns até mesmo foram indiciados pela Polícia Federal por desvios de
verba, corrupção, falcatruas e ainda assim, querem nos governar. Quanto
cinismo! E eu sou o patrão?
Precisamos mudar. Temos que evoluir. Imputar ao
eleitor toda a responsabilidade pela escolha é exigir demais para um país de
iletrados. É utopia imaginar que a maioria dos brasileiros tem acesso a
jornais, revistas, livros, televisão, computador, se em algumas regiões do
Brasil, o cidadão apenas trabalha e muito para sobreviver, em condições
precárias e desumanas, explorados pelos atuais donos do capital. Nosso
judiciário precisa agir com mais rapidez, o Direito Processual precisa ter menos
recursos e mais eficácia nas condenações e prisões. O indivíduo rouba, aplica
golpes milionários, comete crimes ambientais desmatando ilegalmente e continua
impune. Enquanto isso, a esperança vai desaparecendo, dando lugar à
desconfiança e ao conformismo. Os beneficiados por este quadro desolador são
alguns governantes e parlamentares que ao longo do tempo, nada fizeram pela
educação do povo e nada fazem para mudar essa cena dantesca.
É urgente mudar. É preciso construir uma política diferente, onde o governante esteja voltado para o bem comum da sociedade como um todo e não pelas vantagens que o cargo, temporariamente, pode lhe oferecer. É preciso que haja transparência e fiscalização. A política, da forma como é praticada no Brasil, não atende aos anseios do povo. Não enobrece a Democracia. Trata-se de uma constatação. Precisamos fazer jus ao país que temos, para que todos os brasileiros tenham uma vida melhor e mais digna.
É urgente mudar. É preciso construir uma política diferente, onde o governante esteja voltado para o bem comum da sociedade como um todo e não pelas vantagens que o cargo, temporariamente, pode lhe oferecer. É preciso que haja transparência e fiscalização. A política, da forma como é praticada no Brasil, não atende aos anseios do povo. Não enobrece a Democracia. Trata-se de uma constatação. Precisamos fazer jus ao país que temos, para que todos os brasileiros tenham uma vida melhor e mais digna.
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