VENDE ABC AÍ?


                                                            (IMAGEM DA INTERNET)


VENDE ABC AÍ?
Filemon Martins

A história é verídica e se passou entre dois comerciantes na cidade de Ipupiara, agreste da Bahia. Os dois eram velhos comerciantes de bugigangas que incluía miudezas, linhas de costuras, meadas, material plástico, como copos, pratos, garfos, tigelas, panelas, material escolar, como esferográficas, cadernos, lápis, cartilhas e livros.
Um deles, vamos chamá-lo aqui de Raimundo Santos, havia adquirido um grande estoque de ABC usado na alfabetização de crianças naquela época. Esse produto costumava ser mais vendido no início do ano e ao longo do ano era mais reposição para algum aluno que, por qualquer motivo, perdera o seu exemplar.
O outro conhecido como João da Silva tinha seu comércio menos sortido, pois que, fazia compras com os representantes que lá apareciam de quando em quando, enquanto o Raimundo Santos comprava direto em São Paulo, nas Ruas 25 de Março, Carlos de Souza Nazaré, Jorge Azem e outras na região do Mercado Municipal. Pois é, o Raimundo queria se livrar do estoque de ABC que só lhe ocupava espaço e as vendas só começariam no início do ano letivo. Pensou, pensou e armou uma mutreta: chamou uma molecada e prometeu dar balas (bombons), aqueles que fossem de quando em vez no comerciante da Rua do Beco perguntar se ele vendia ABC? Os moleques começaram a visitar o comerciante e perguntavam: - o Sr. vende ABC? - Não, respondia o comerciante. Não demorava muito, entrava outro moleque, ¨ tem ABC? ¨ - Não, dizia o comerciante. Mais um pouco, outro guri aparecia, ¨ tem ABC? - ¨ Não, afirmava o comerciante já intrigado e pensando consigo mesmo: - acho que está em falta na cidade. Depois de uma semana, aparece por lá o Raimundo Santos com uma proposta: queria trocar o estoque dele por coisas mais novas e disse ter para a venda por um bom preço, sabonetes, brilhantinas e um estoque de ABC. O comerciante foi-se levantando da cadeira e disse: - ¨sabonetes e brilhantinas eu os tenho, mas o seu estoque de ABC eu compro. Pode trazer tudo que você tiver¨ e assim comprou todo estoque de ABC, tratando de colocar a pilha de ABC em lugar bem visível em sua prateleira. A partir daquele dia, em seu comércio, nem criança nem adulto procurou mais por ABC. Também não se sabe quanto tempo ele demorou para vender todo estoque de ABC e muito menos se descobriu que foi vítima de uma armação por parte de outro comerciante, o Raimundo Santos. Moral da história já conhecida: - ¨Nem tudo que reluz é ouro. ¨

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