QUEM FOI PEDRO PEREIRA DO NASCIMENTO?


                 (FOTO ENVIADA POR SUA FILHA ESTHER PEREIRA MARTINS DE ARAGÃO)


QUEM FOI PEDRO PEREIRA DO NASCIMENTO?
Filemon Martins

O pastor Pedro Pereira do Nascimento nasceu a 18 de setembro de 1922, na Fazenda Pau Ferro, município de Cabrobó, Pernambuco. A cidade de Cabrobó fica no sertão do São Francisco, polo Petrolina e Juazeiro. Filho do senhor José João do Nascimento e de dona Maria Pereira do Nascimento. Família de 7 irmãs e 4 irmãos. Pedro era o segundo filho dessa numerosa família de pessoas simples.
A economia da cidade era baseada na agricultura, produzindo arroz, algodão e cebola. Convertido ao evangelismo aos 13 anos, sempre desejou estudar, mas as adversidades eram enormes.
O menino Pedro enfrentou barreiras quase intransponíveis para estudar. Levava sua cartilha para a roça e lá pedia aos trabalhadores que sabiam ler para lhe ensinar. Frequentou por pouco tempo a escola, pois precisava ajudar ao pai na roça a fim de sustentar a numerosa família. Por fim, conseguiu aprender a ler e já podia ter sua Bíblia e Cantor Cristão. Era comum o menino sair de casa na Rua Serra da Bananeira, onde morava, indo para a roça na Fazenda Curral Novo, declamando versos, como esse de Mário Barreto França: ¨Eu vinha pelo mundo sem destino/ enclausurado na minha própria dor/ quando escutei o cântico de um hino/ no Jardim do Senhor...¨
Conforme suas palavras: ¨e foi aí que deparei com meu pai na curva do caminho – eu fiquei todo sem jeito¨. Depois conversando com o nosso patrão, senhor Candido Leão, ele me disse: ¨Pedro, teu pai me disse que encontrou você no caminho da roça pregando um grande sermão e que parece que você vai ser pastor¨.
As dificuldades não pararam por aí. E ele continua: ¨vou plantar bastante cebola neste ano, vender a safra e com o dinheiro apurado, deixo um pouco para minha mãe e irmãos e vou para São Paulo trabalhar e ganhar dinheiro¨. Outra vez o destino o forçou a mudar seus planos: ¨a cebola adoeceu e não deu nada¨. Agora, com 20 anos, tentava esquecer sua vocação de ser pastor. Mas teve uma ideia: ¨plantou uma roça de algodão, tipo ¨Mocó¨ que cresce muito no Nordeste e pode durar até 8 anos, mas só produz no 2º ano em diante. Mas naquele ano a chuva foi abundante e o algodoal cresceu muito e produziu uma safra milagrosa, inesperada¨. Eufórico, ele pensou agora vou poder vender a safra e fazer o que mais quero na vida: estudar. Contudo, a maior das provações caiu sobre ele em 1944, a morte do pai. Então, ele pensou minha sorte está selada, agora é que não posso estudar, pois sou o filho homem mais velho e tenho que ajudar minha mãe e meus irmãos.       
Ainda assim, quando surgiu a oportunidade em 1946 através do pastor Zacarias Campelo, que sabendo da vocação do jovem o levou para o Instituto Bíblico Serra Verde, em Triunfo - PE. De 1947 a 1950 trabalhou com diversas igrejas no estado de Pernambuco, especialmente no sertão. Com o dom de palavra invejável, em 1950 seguiu para o Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil em Recife – PE, estudou também no Colégio Americano Batista, onde em 1907 também estudara Gilberto Freyre e em 1963 Mário Ribeiro Martins. No Seminário, tornou-se Bacharel em Teologia e foi trabalhar na Igreja Batista Farol e no Colégio Batista Alagoano de Maceió, AL.  Em 1955 apresentou-se à Junta de Missões Nacionais, na gestão do Secretário Executivo, Pastor David Gomes. Em 1956 foi nomeado para trabalhar no Médio São Francisco, nas cidades de Xique-Xique, Bom Jesus da Lapa e Correntina, na Bahia. Só havia dois pastores no campo baiano, o pastor Portilho, em Barreiras e o pastor Paulo Silas, em Barra do Rio Grande. Sua consagração ao ministério se deu no começo de 1957, a pedido da Igreja Batista de Bom Jesus da Lapa. O Concílio de consagração foi composto pelos seguintes pastores: Gutemberg Nery Guarabira, José Britto Barros, Jonas Borges da Luz, Sebastião Portilho, David Gomes e os diáconos Bevenuto Ribeiro e Artur Ribeiro. Em abril de 1957 foi pregar pela primeira vez na Igreja Batista de Ipupiara, onde conheceu aquela que seria sua esposa: Ester Ribeiro Martins. Depois de ficarem noivos em maio de 1957, o casamento se deu no dia 28 de novembro de 1957. Tiveram cinco filhos, a saber: Esther Pereira Martins (1959), Pedro Pereira Martins do Nascimento (1960), Valdimary Pereira do Nascimento Soares (1964), Jeruza Jovina Martins Borges (1966) e Paulo Gasparino (1968, morreu na cidade de Lagartos 10 meses depois).
Pastoreou várias Igrejas em diversos Estados, como Bahia, Piauí, Sergipe, Minas Gerais e São Paulo. Igreja Batista de Paratinga, de 1956 a 1958; Igreja Batista de Correntina, 1958; Igreja Batista de Bom Jesus da Lapa, 1958 a 1959; Igreja Batista de Santa Maria da Vitória, 1959; todas na Bahia. Igreja Batista de Viradouro, 1960 a 1961; Igreja Batista de Palmeira do Oeste, 1962, ambas em São Paulo; Igreja Batista de Januária, 1963, Minas Gerais; Igreja Batista de Avelino Lopes, 1965, Piauí (enquanto se organizava o Concílio para dar posse ao pastor); Igreja Batista de Carinhanha, 1965; Igreja Batista de Ibotirama, 1965, 1975 a 1981, Bahia; Igreja Batista de Capela, 1966, Igreja Batista de Lagarto, 1967 a 1969, ambas em Sergipe; Igreja Batista de Ipupiara, 1969, Igreja Batista de Xique-Xique, 1969 a 1971, Igreja Batista da Barra, 1972 a 1974  e Primeira Igreja Batista em Seabra, 1981 a 1989, na Bahia. Organizou também uma série de Congregações, entre outras, em Januária, 1963, Minas Gerais; Malhada (1964), Carinhanha (1964 a 1965), na Bahia; Capela (1966), Japaratuba (1966), Miranda (1966), Várzea Verde (1967), Lagarto (1967), Sergipe; Boquira (1978 a 1979), Seabra (1981 a 1984), Iraquara (1983), Salobro (1986 a 1988), Gentio do Ouro (1994 a 1995), Mussurunga – Salvador (2001 a 2002), na Bahia.
Por sugestão de seu filho ¨Pereirinha¨, mudou-se para Lauro de Freitas, na Grande Salvador, em abril de 2000. Mesmo aposentado e já com 80 anos de idade continuou pregando em algumas Igrejas que o convidavam e também na qual era membro. Como se pode ver, o pastor foi um homem de muitas lutas e grandes vitórias. Sinto-me honrado em poder contar resumidamente um pouco da vida do pastor Pedro Pereira do Nascimento, que nasceu em Cabrobó, Pernambuco e soube lutar bravamente por seus sonhos, confirmando o que dissera o escritor Euclides da Cunha, em seu livro ¨OS SERTÕES¨: O Sertanejo é, antes de tudo, um forte.
O casal Pedro Pereira do Nascimento e Ester Ribeiro Martins foi um exemplo de lutas e de vida.
Sua esposa Ester Ribeiro Martins do Nascimento era professora e em todos esses locais lecionava, o que contribuiu para a educação dos filhos em meio a tantas mudanças. Faleceu em 13 de setembro de 2006 aos 70 anos de idade e foi sepultada no Cemitério Municipal de Ipupiara, Bahia. O pastor Pedro silenciou em 2015 aos 93 anos de idade e também foi sepultado em Ipupiara, Bahia.  
        

Obs.: Um agradecimento especial as suas filhas Esther Pereira Martins de Aragão e Jeruza Jovina Martins Borges pelas informações prestadas, sem as quais seria impossível escrever este texto.

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