SUFOCO


                                                          (IMAGEM DA INTERNET)


SUFOCO
Filemon Martins

Tenho certeza de que muitas pessoas têm histórias para contar. Mas enquanto elas não se decidem, vou registrando aqui minhas peripécias pela vida afora. Já faz alguns anos que o diabetes me pegou. De então, tenho perambulado por Unidades Básicas de Saúde, CLÍNICAS, CONSULTÓRIOS E HOSPITAIS à procura de amenizar os problemas decorrentes da enfermidade.
Embora eu colabore com o tratamento, sempre difícil e complexo, os resultados não são animadores. Em 2015/2016 informei ao médico que minhas mãos estavam diferentes. Exame daqui, exame dali, o médico me disse que eu estava com uma Neuropatia Periférica, oriunda do diabetes e por isso a perda da sensibilidade nas mãos e nos pés. Em certo momento tive que fazer uma cirurgia de hérnia umbilical e o médico responsável me pediu uma série de exames, entre eles, uma tal de Cintilografia, que marquei e fui fazer no Laboratório El Diagnósticos, na Penha. Chegando lá, depois de preencher a ficha, uma funcionária nos orientou que eu deveria sair um pouco e comer muita gordura, tipo carne vermelha, mostarda, bacon, maionese, molhos e outros alimentos gordurosos que normalmente você não consome no dia a dia e andar 30 minutos. Depois, voltar para fazer o exame. Fiz tudo isso e voltei. Ocorre que quando entrei na máquina, a médica me abordou e disse que não comi gordura o suficiente. Fui levado para uma sala e lá uma moça me trouxe um pão francês enorme, lambrecado de manteiga e uma caixa de leite integral, equivalente a um litro. Agora, o senhor vai comer esse pão, tomar esse leite e depois vamos tentar fazer o exame. Comi o pão e tomei o leite, mas no final senti vontade de ir ao banheiro. Olhei para o lado e lá estava o banheiro na mesma sala me convidando. Fui. Na hora de sair, quem disse que eu conseguia abrir a porta. Faltou força nas mãos ou a porta travou. E agora? Só eu estava na sala, não havia mais ninguém, minha esposa me esperava em outra sala e sequer imaginava o que estava acontecendo. Minha mochila com o celular estavam com ela. Que fazer? Olhei em torno e havia uma pequena janela no alto da parede. Impossível chegar até lá. Bati na porta e nada. Fiquei em silêncio tentando ouvir alguém passar por ali ou mesmo tentar usar o banheiro e nada. Batia mais forte, nada. Depois de algum tempo ali preso, ouvi passos de alguém, bati outra vez na porta e gritei: ¨tem alguém aí¨? Era um médico, talvez me procurando, respirei aliviado. Ele perguntou quem eu era e disse: - ¨fique calmo. Vamos tirar você daí. Mantenha-se tranquilo¨. E continuou falando: ¨vou chamar o pessoal da manutenção¨. Não demorou muito e ouvi o rapaz da manutenção desparafusando a fechadura. Bate aqui e acolá e gritou:  – afaste-se da porta. Em seguida, ouvi o miolo da fechadura cair dentro do banheiro e a porta se abrir. Que alívio! Fui conduzido para fazer o bendito exame e passando perto de minha esposa, ela comentou: ¨você demorou demais¨. E eu respondi: - também pudera, eu estava preso no banheiro. Agora, quando vou entrar em algum banheiro verifico se a fechadura é fácil de abrir ou não. Depois do sufoco, aprendi a lição.

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