A CHEGADA


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A CHEGADA
EMÍLIO DE MENESES
(Emílio Nunes Correia de Meneses)
Curitiba/PR, 1816– 1918


Noite de chuva tétrica e pressaga*.
Da natureza ao íntimo recesso
Gritos de augúrio vão, praga por praga,
Cortando a treva e o matagal espesso.

Montes e vales, que a torrente alaga,
Venço e à alimária* o incerto passo apresso.
Da última estrela à réstia ínfima e vaga
Ínvios* caminhos, trêmulo, atravesso.

Tudo me envolve em tenebroso cerco
D'alma a vida me foge, sonho a sonho,
E a esperança de vê-la quase perco.

Mas uma volta, súbito, da estrada
Surge, em auréola, o seu perfil risonho,
Ao clarão da varanda iluminada!
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Nota:
Pressaga = que pressagia, prevê ou pressente
Alimária = animal de carga
* Ínvios = Em que não se pode passar, transitar (diz-se de caminho, estrada etc.).

(CALDEIRÃO POÉTICO Nº XXXIV, ORG. DE JOSÉ FELDMAN)

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