O ALCOOLISMO
Filemon
Martins
Segundo a
Organização Mundial da Saúde (OMS) o alcoolismo é uma doença. Contudo,
observa-se que o governo e as autoridades competentes não encaram como uma
doença grave. Alguns indivíduos dizem que bebem socialmente e mesmo o
alcoólatra não admite que é um vício. Justamente por ser uma substância lícita
e de fácil acesso ela se torna mais perigosa.
Às vezes o
indivíduo exagera um pouco na bebida e vai se tornando viciado sem perceber.
Ele passa a depender religiosamente de alguns goles para equilibrar o
organismo, para ter coragem, para abafar suas mágoas, seus dissabores. Em casa
o convívio com a família vai ficando cada dia mais difícil, insuportável. O
álcool, aos poucos, vai controlando a vida dos que abusam da bebida, e antes de
matar, ele tira a dignidade, o caráter, a honra, o emprego e por tabela a
família que não aguenta mais. Dessa forma, o indivíduo se vê encurralado sem
emprego e sem família e passa a beber muito mais para relaxar e esquecer dos
problemas cotidianos da vida.
As
consequências são muitas e sempre maléficas. Aparecem os problemas de saúde
como danos no fígado, nos rins, pâncreas, doenças do coração e alguns tipos de
câncer, entre outros, podendo ocasionar infarto. Enquanto isso se o ser humano
consome uma garrafa de bebida diariamente, no ano seguinte a tendência é esse
consumo aumentar em dobro ou triplo. O dependente de álcool além de prejudicar
sua própria vida, prejudica toda sua família, a sociedade em geral, porque
contribui com o aumento de acidentes no trânsito, violência doméstica e
comportamentos agressivos.
É preciso
esclarecer, antes que me perguntem, em quais dados científicos me fundamentei.
Nenhum. As informações que faço constar neste texto são frutos da observação cotidiana,
exemplos de amigos que tive e tenho, inclusive no seio da família. Por exemplo,
tive um cunhado paulista, excelente torneiro mecânico, trabalhador produtivo,
que, no entanto nos finais de semana se reunia com amigos e tomava todas a que
tinha direito e mais algumas. Com o passar dos anos esse consumo foi aumentando
cada vez mais. Pai de três filhos, duas meninas e um menino, os conflitos
domésticos também aumentaram na mesma proporção que o consumo do álcool. Ainda
novo, com problemas de saúde foi internado num hospital. Quando o visitei,
estava lúcido, mas o médico já havia alertado a família que o organismo dele já
não reagia aos medicamentos ministrados e que dali ele não sairia mais. Foi o
que aconteceu. Minha irmã ficou viúva e os filhos perderam o pai.
Tive um grande
amigo também no interior da Bahia, na época do ginásio que foi vencido pelo
vício do álcool. Por motivos que desconheço, ele foi se entregando ao vício
lentamente. Houve uma época em que ele acordava pela manhã com tremores nas
mãos e conforme dizia, ele precisava de alguns goles para estabilizar seu
organismo. Então, o café da manhã era um pouco de pinga. Só então ficava ¨bom¨
e sem tremores nas mãos. Também não viveu muito.
Conheci um
excelente pedreiro, bom amigo, pai de família, de boa-fé que morava e
trabalhava em Ipupiara, na Bahia, tendo inclusive feito serviços aqui em São
Paulo, onde gozava de muito apreço e respeito pela sua pessoa e pelo seu
extraordinário trabalho, especialmente no acabamento da obra. Mas esse nosso
amigo tinha um grave problema: se durante a obra, ele ingerisse alguns goles de
bebida, pronto, a obra ficaria atrasada pelo menos 15 dias, porque nesse
período ele não parava de beber. O dono da obra, que já havia empreitado o
trabalho, ficava torcendo para que ele parasse de beber e voltasse ao trabalho.
Meu pai,
quando vivo, tinha um amigo inteligentíssimo e cordial, mas quando estava
embriagado, era insuportável, a ponto de meu pai fugir dele, passar para o
outro lado da rua, evitando encontrá-lo. Conforme dizia meu pai, o homem ficava
insolente.
Há muitos
outros exemplos, que seria enfadonho ficar enumerando aqui. Sabe-se também que
o fumo via cigarros é outra praga que mata tanto quanto o álcool, além das
doenças pulmonares que provoca.
Diante de tudo
isso, acho razoável perguntar se vale a pena obter uns minutos de prazeres
aparentes com bebidas e cigarros, sacrificando sua vida e daqueles que estão a
sua volta?
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