O PRESSÁGIO DA ESTRELA

 

O PRESSÁGIO DA ESTRELA

 

(Ariovaldo Cavarzan)

 

Era noite de paz e de acalanto,

fazendo acalmar-se ao derredor, 

toda dor e todo pranto.

 

O profundo azul do céu se iluminou,

 imerso em radiosa luz que se espargia,

feito presságio de estrela,

a transformar noite em dia, 

ao tracejar linha reta,

rumo a humilde estrebaria.

 

Ali se fez cadinho incandescente,

ao derramar claridade ao rés do chão,

feito ouro derretido,

igual tapete estendido,

em forma de coração,

acolhendo o menino então nascente.

 

Partindo da Belém daquele instante,

a luz transmudou-se em verdade,

em verbo, templos, livros, vontade,

encantando multidões,

feito presságio de vida,

de fé, de amor e perdão.

 

Depois, fez-se milagres,

fez-se bençãos, doação,

fez-se humildade ensinada,

em sabedoria e bondade,

e em caridade ofertada 

por fruto de excelsas mãos.

 

Mais adiante, festejou-se em triunfo,

na venturosa acolhida dos Ramos;

em imortalidade, nas vozes de Pentecostes;

em ignomínia, ante a traição;

em martírio, no Gólgota,

e em luz reacesa, na Ressurreição.

 

O prometido veio ensinar ao povaréu,

em casas, vielas, lagos, montes, favelas,

o caminho seguro que leva ao céu.

 

Ao nascituro e canoro choro,

a ecoar na noite da estrebaria,

sobrevieram bem aventuranças,

 de consolações e esperanças,

nas vibrações de José e Maria,

partidas do fundo de seus corações.

 

Anjos do céu entoaram Glórias,

asserenando angústias e apreensões,

fazendo acalmar-se maldades,

ao embalo de suspiros e emoções.

 

Ao vislumbrar a luz da estrela,

Baltazar, Gaspar e Melchior,

magos reis, puseram-se a caminhar,

seguindo o pressago risco,

feito almas boas de hoje em dia,

ansiando paz a alcançar, 

e porto seguro onde chegar.

 

Era noite de Natal.

Na humilde e calma manjedoura,

havia aportado a luz. 

Era, enfim, entre os homens,

 Jesus.

 

 

(FONTE AVBAP)

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