O IRAPURU

 O IRAPURU

Mário Barreto França

 

Dizem que o irapuru, na mata escura,

Quando desfere o lírico pipilo,

Qualquer ave que canta, já procura

Muda quedar-se pra melhor ouvi-lo.

 

E, orgulhoso da própria formosura,

Do seu divino e fascinante estilo

E alheio à luz que súbito fulgura,

Fecha os olhos e fica-se tranquilo...

 

Trovador da esperança e da saudade,

Poeta – irapuru da vida – corres

Para a miragem da felicidade;

 

E, enfim, alheio ao que sonhaste tanto,

Fechas os olhos e cantando morres,

Enamorado do teu próprio canto.

 

(Do livro DE JOELHOS, 2ª edição – 1968)  

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