O VÍRUS POLÍTICO
Filemon Martins
Viver no Brasil está ficando cada dia mais
difícil. Antes, a expectativa era grande, porque o povo acreditou que pudesse
mudar o país com a eleição de Jair Messias Bolsonaro, que acabou frustrando boa
parcela da população que o elegeu, em razão de suas atitudes conflitantes no
comando do país.
Agora fomos
atingidos por uma pandemia devastadora que escancarou a falta de investimentos na
saúde e educação pelos governos anteriores e atuais em todos os estados da
federação. A covid-19 veio assombrar a população e os políticos já preocupados
com as futuras eleições, transformaram o Coronavírus em palanque político com interesses pessoais e mesquinhos. Um mau gosto, por sinal.
A instabilidade do
governo federal, representado na pessoa do Presidente deixa o país ainda mais
fragilizado para enfrentar a pandemia. A troca de ministros em um governo é
coisa natural, mas os motivos que deram origem a essas trocas, estes sim são
preocupantes. Em pouco mais de dois anos na presidência Jair Messias Bolsonaro
já trocou 24 ministros.
Com a saída do
ex-juiz federal Sérgio Moro do Ministério da Justiça e Segurança Pública do
Brasil e a forma como saiu, liquidou nossa esperança de combate à corrupção de maneira
efetiva. Os sinais já estão bem claros: o governo abraçou o bloco do Centrão,
que reúne partidos como PP, PL, PTB, MDB, DEM, PSD, entre outros, com pessoas
já conhecidas, carimbadas e sem moral. Alguns já cumpriram pena por corrupção, lavagem
de dinheiro e agora estão querendo ditar regras, como se fossem pessoas
honestas, decentes, acolhidas, quem diria, pelo governo Bolsonaro.
Alguns brasileiros,
por ingenuidade ou boa-fé, ainda acreditam que o governo venha a fazer algo
positivo, mas outros já admitem que o governo entrou num terreno de areia
movediça, quanto mais ele se mexe, mais se afunda. Há muito tempo demos um
adeus ao combate à corrupção. Vamos aguardar daqui para frente como vai se
comportar essa política de conflitos entre o Presidente, os partidos e os
governadores. A situação atual lembra muito a cena de um inseto quando cai na
teia de uma aranha, quanto mais ele se debate, mais é enrolado. “O que é bom a
gente mostra, e o que é ruim a gente esconde,” já dizia o ex-ministro Ricúpero.
Gaba-se o governo de
ter eliminado privilégios e outras regalias. Ledo engano. Os salários astronômicos
e privilégios de toda sorte estão justamente com políticos e membros do
Congresso Nacional, que se agitam dentro das duas casas para massacrar ainda
mais os trabalhadores. Só cinismo. Não há palavra mais apropriada para
descrever o que os partidos políticos são capazes. Fora, dizem estar ao lado do
trabalhador, mas são testas de ferro do capital internacional e trabalham em
prol dos seus próprios interesses. Quanto cinismo! Enquanto isso, o desemprego
cresce e a economia despenca nesse país chamado Brasil.
Aqui em São Paulo,
um dos termômetros populares na aferição da economia é o transporte público.
Quem utiliza ônibus, trem e metrô sabe do que estou falando. Há um exército de
desempregados nas ruas e nesses transportes muitos sobrevivem vendendo
bugigangas, balas, chocolates para conseguirem algum trocado; outros tocam e
cantam em troca de algum dinheiro, enquanto outros pedem ajuda aos passageiros,
porque precisam ou porque a fiscalização recolheu sua mercadoria. São situações
chocantes que todos os dias se repetem: o ambulante tentando vender e a
fiscalização coibindo esse comércio ilegal, mas que é a sobrevivência de muitas
pessoas.
Com certeza os
gravatinhas que vivem em seus gabinetes atapetados não têm a menor noção do que
ocorre com a população mais desvalida. Eles, além de receberem salários
astronômicos, tem tudo pago pelo contribuinte: café, comida, celulares,
jornais, carros, motoristas, combustíveis, passagens a qualquer hora e para
qualquer lugar do Brasil e do mundo. Haja impostos para bancar tanta mordomia.
Até quando vamos sobreviver
Brasil?
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