QUEM É DJANIRA PIO?
Filemon
Martins
DJANIRA
ARRUDA PIO SOARES nasceu em Santa Rita do Passa Quatro, interior de São Paulo.
Viveu sua adolescência na fazenda de seus pais, onde também estudou. Formou-se
no curso normal, tornando-se professora primária, depois fez o curso de Letras
na Faculdade Anchieta, Português/Francês. Começou a escrever ainda no período
escolar, versos rimados e metrificados. Transferiu-se para São Paulo, onde vive
atualmente, como professora aposentada.
Foi
casada com o professor Oswaldo Pio Soares, com quem teve três filhos, Débora,
Daniel e Rafael. Perdeu o marido recentemente, vítima da Covid-19. Mais um caso
que atesta a gravidade da doença, que não pode ser ignorada.
Djanira
Pio é escritora, poetisa moderna, cronista, contista, romancista e tem
colaborado com antologias, jornais e revistas alternativas, entre outros: Jornalzinho
e Antologia do Postal Clube, editada por Araci Barreto da Costa, RJ; Antologia
Del¨Secchi, organização de Roberto de Castro Del¨Secchi, Vassouras, RJ; A
Figueira, editada por Abel Pereira, Florianópolis, SC; Dicionário de Escritoras
Brasileiras, de Nelly Novaes Coelho, SP; Dicionário de Mulheres, organizado por
Hilda Agnes Hubner Flores, de Venâncio Aires, RS; Consta da Enciclopédia de
Literatura Brasileira, de Afrânio Coutinho e J. Galante de Souza, edição do
MEC, 1990, com revisão de Graça Coutinho e Rita Moutinho, edição revista e
atualizada em 2001.
Escreveu
e publicou mais de 20 livros, abrangendo poesias, contos, crônicas, minicontos,
romances, provando sua versatilidade no campo das Letras. Estreou na literatura
em 1964, com a poesia UM CANTO DE CIGARRA. A partir daí nunca mais parou.
Alguns dos seus livros: FRAGMENTOS, O TAMANHO DA VIDA, A CIDADE DOS SONHOS, UM
CANTEIRO DE MARGARIDAS, SEU NOME ERA SUSANA, A DIFÍCIL VIDA INTELIGENTE,
ABISMO, O LADO AVESSO, PRINCÍPIOS DE REDAÇÃO, O CICLO DA VIDA, SERES HUMANOS,
AS IMAGENS NO TEMPO, OLHARES, VIVENCIAS, OPÇÕES.
MINICONTOS,
IMAGEM MATERNA: ¨Com olhar estranho observava a mãe, que tomava café com as
comadres. Parecia contente e inocente. A menina observava de longe e se
perguntava: como ela aceita e convive com isso? Como não se revolta? Ficara
sabendo da condição feminina – a menstruação – e estava indignada e ferida. Na
vida masculina não havia incômodo¨.
Em
¨O Tamanho da Vida¨, SABER - ¨Saber que a flor teve o seu momento de esplendor.
Que suas pétalas se abriram e todo o jardim ficou perfumado! Saber que a flor
teve o seu tempo e que depois fechou-se triste e resignada ao despedir-se.
Outras flores virão perfumar o jardim, que flores são efêmeras como nós¨.
VERSOS:
ESPERANÇA - ¨No contexto em que me encontro posso sentir o conforto da
esperança. Do quê? Não importa. Esperança é uma palavra que se basta¨. DESTINO
- ¨Ao elemento feminino coube: Segundo os céus, a responsabilidade da procriação.
A continuidade da vida. Ficou o dilema: para que continuar¨? SER - ¨Na luta
pela identidade quebram-se laços afetivos para deixar atrás expectativas
alheias. Passar a vida olhando-se no espelho, procurando a alma, o cerne, a
essência. Quem sou? Sou essa que penso ser, mas a cada dia penso-me diferente¨.
DISTRAÇÃO - ¨Ao longo de tantos dias, por todas as manhãs, ao longo de toda a
jornada, eu não vi o sol nascer, apesar de presenciar tantas tempestades¨.
INCERTEZAS - ¨Vou à fonte, vulnerável ao Bem e ao Mal. Beber em fontes
duvidosas faz parte de incertezas humanas¨.
Outros
versos de Djanira Pio: ¨A guerra é fruto da ganância da luta pelo poder e
domínio. É o resultado da crueldade humana. E não há vencedores¨. ¨Por que
temos saudades de nós quando crianças? Se somos nós a mesma pessoa¨! ¨Faz-se
necessário esquecer nossas omissões passadas. Nossos erros devem ser perdoados
por nós, para podermos encerrar bem nossa caminhada¨. Todos estes minicontos e
versos foram extraídos de O JORNALZINHO, período de janeiro/2008 a abril/2009,
editado por Araci Barreto da Costa, RJ.
Como
se vê, seu trabalho é sintético, atual, fácil de ler e aborda as situações
vividas pelo dia a dia, pelos seres humanos no Planeta Terra, os conflitos
existenciais, especialmente das mulheres em seu cotidiano. A autora também
utiliza das redes sociais para transmitir seu recado de inquietação, de
inconformismo e às vezes de otimismo com os que vivem no Universo. Alguns dos
seus textos foram publicados na França, Itália e Portugal.
Assim,
Djanira Pio vai construindo sua obra literária com autoridade de quem sabe
manejar as palavras, dando-lhes sentido e fincando seu nome entre os grandes
escritores e escritoras brasileiras da modernidade. Tem um lugar garantido no
Panorama da Literatura Brasileira e portanto, é uma intelectual que merece ser
lida e aplaudida.
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