JONATHAS BRAGA, ILUSTRE POETA DE PERNAMBUCO
Filemon
Martins
O ilustre poeta pernambucano, Jonathas
Braga nasceu na Rua do Alecrim, bairro de São José, no Recife, em 08 de maio
de 1908. Estudou na antiga Escola Normal de Pernambuco, no Colégio Americano
Batista, tornando-se bacharel em teologia pelo Seminário Teológico Batista do
Norte do Brasil. Obteve também o grau de licenciatura em letras neolatinas,
pela Faculdade de Filosofia da Universidade do Recife, hoje Universidade
Federal de Pernambuco.
Além de Ministro Evangélico, foi professor de Português no
Ginásio Pan-Americano, do Recife e no Colégio Agrícola de São Lourenço da Mata,
da Universidade Federal Rural de Pernambuco, tendo sido membro ativo da
Academia Evangélica de Letras do Brasil.
Começou a escrever poesias em 1925 e publicou vários livros,
entre outros, “O POEMA DA VIDA” e “A NOVA ALEGRIA” – 1942; “O SUAVE CONVITE” –
1948, “O CAMINHO DA CRUZ” – 1949, “A CANÇÃO DO SENHOR EM TERRA ESTRANHA” –
1953, “ A ESTRELA DE BELÉM” – 1957, “O MILAGRE DO AMOR” – 1969 e “O CÂNTICO DA
MINHA ESPERANÇA” – 1970.
Poeta primoroso, sensível, inspirado, Jonathas Braga não
apreciava a presença de adjetivos junto da palavra poeta, porque os julgava
bajulatórios. Nunca aprendeu a incensar ninguém e confessa que essa atitude lhe
custou alguns sacrifícios, conforme diz em seu livro “O CÂNTARO JUNTO À FONTE”,
páginas 11 e 12.
Escreveu versos admiráveis, como estes do soneto “EU TE
AGRADEÇO”, transcrito do livro “O CÂNTARO JUNTO À FONTE”: “Senhor, eu te
agradeço a vida que me deste, /o ar que respiro, o sol e o céu cheio de
estrelas, /os pássaros que estão cantando, alegres, pelas/campinas a florir, no
mundo que fizeste. Eu te agradeço a luz que os píncaros reveste/de cores que
ninguém pudera concebê-las, /e as fontes de cristal que sempre sonho
vê-las/sussurrando canções que tu lhes compuseste. Eu te agradeço o riso
inocente das crianças,/que semeiam na terra alegres esperanças,/enchendo os
corações de cânticos de amor.../Eu te agradeço a paz que me consola e anima,/e
tudo quanto é bom e que me vem de cima,/de onde me vês aqui, por onde quer que
eu for.”
O Dr. Ebenézer Gomes Cavalcanti, em 20 de maio de 1937, já afirmava: “Ao
Jonathas Braga coube o quinhão da Poesia, que canta e sorri e chora nas
artérias sensíveis dos seus versos rimados...” Para Alfredo Mignac, “Jonathas
Braga tem um estilo maravilhoso. Rima rica e perfeita. De raro brilho e lavor,
seus versos são como prados amenos onde o riacho corre manso e liso e o
ambiente tresanda a perfume de lírios. É uma espécie de orvalho que cai de
cima, num deslumbramento e mansuetude admiráveis.”
De rara beleza e simplicidade é a sua poesia sobre o Natal: “Foi
em Belém, naquele dia,/quando uma estrela apareceu/que, em cumprimento à
profecia:/Jesus nasceu! Tudo era então viva poesia/e os anjos cantaram pelo
céu,/como a dizer com alegria:/Jesus nasceu! E ele, na pobre estrebaria, /olhando
em torno o povo seu,/qual novo sol resplandecia!/Jesus nasceu! Feliz Natal o
desse dia,/quando uma estrela apareceu/e disse ao mundo com alegria:/Jesus
nasceu!”
Jonathas Braga tornou-se um dos mais populares poetas evangélicos, ao lado de
Mário Barreto França e Gióia Júnior, formando a tríade dos maiores poetas do
evangelismo nacional. Mário Barreto França,
em janeiro de 1949, afirmava: “Poeta primoroso, Jonathas Braga tem escrito em
vários jornais e revistas, tanto do norte como do sul do país. Seus poemas
apresentam o suave sabor de seu lirismo próprio dos grandes vates, dos que
possuem em alto grau as vibrações naturais da sensibilidade artística. Jonathas
Braga é, pois, o poeta da simplicidade, que sabe transmitir as confortadoras
verdades do evangelho, através da delicadeza dos seus versos, onde se espelha a
bondade, a pureza e o amor”.
No soneto “O CONTRASTE” o poeta pernambucano apresenta sua preocupação social:
“Buscam jazidas ricas de minério/os que imaginam mundos coruscantes,/pensando
nos palácios fulgurantes/que poderão encher todo o hemisfério./Outros devassam o
silêncio etéreo/das atmosferas ínvias e distantes,/como se fossem pássaros
gigantes/buscando além a chave de um mistério./ E o mundo fica estarrecido e
absorto,/mas há milhões que vivem sem conforto/e tantos outros a que falta o
pão.../ Por que, pois, ir tão alto ou ir tão fundo,/quando aqui mesmo, em cima
deste mundo,/há tanto que fazer por nosso irmão?”
Não faz muito tempo, peregrinei pelas livrarias e sebos da
cidade de São Paulo, na esperança de encontrar um exemplar de qualquer livro
publicado pelo poeta do Recife, mas nada consegui. Infelizmente, após a morte
do poeta, a comunidade evangélica não tem se preocupado em reeditar os livros
do vate de Sucupira, mas vale a pena ler a obra do poeta pernambucano, que
viveu sob o calor dos trópicos e que conforme o juízo crítico do Professor
Joanyr Ferreira de Oliveira, “Se algum estudioso da poesia sacra brasileira
desconhecia o nome de Jonathas Braga, estava em falta, pois trata-se de um dos
mais férteis e está entre os mais corretos bardos evangélicos brasileiros”.
Para o escritor e crítico literário Mário Ribeiro Martins, “Jonathas Braga tem
uma poesia de sensibilidade incomum”. O Professor Pereira de Assunção,
referindo-se a Jonathas Braga, afirma: “sua bagagem literária representa algo
apreciável que o coloca entre os grandes da poesia brasileira”.
Pena que as Editoras Evangélicas não reeditam a obra do ilustre
vate pernambucano.
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