O GENERAL, POETA MÁRIO BARRETO FRANÇA
(In memoriam)
Filemon Martins
Mário Barreto França nasceu no Recife,
Pernambuco, no dia 14 de fevereiro de 1909, filho do Tenente do Exército José
Eduardo França e de Dona Filonila Barreto França e neto do grande
Jurisconsulto, Filósofo, Professor e Poeta sergipano Tobias Barreto de Menezes.
Foi casado com Ligia Mesquita de Souza França, que era professora e geóloga.
São seus filhos: Mário Barreto França Filho, Marlene de Souza França Henrique,
Márcio de Souza França, Marivaldo de Souza França, Marli França Chaves, Marcos
de Souza França e Marluce de Souza França.
Pertenceu ao Exército Brasileiro e
destacou-se não só como militar, mas também como poeta e cultor das letras,
tendo sido membro da Academia Evangélica de Letras e do Cenáculo Fluminense de
História e Letras. Colaborador efetivo do Jornal Batista, editado no Rio de
Janeiro e de circulação nacional, Mário Barreto França escreveu inúmeros livros
de poesias, trovas, crônicas, contos e memórias, entre outros, “NO JARDIM DO SENHOR”, “SOB OS CÉUS DA PALESTINA”,
“DE JOELHOS”, “O LOUVOR DOS HUMILDES”, “E OUVIU-SE UMA VOZ DO CÉU”, “UM CAMINHO
NO DESERTO” e “RIOS NO ÊRMO”.
Sua poesia é bela, inspirada, profunda e
de uma espiritualidade que fala ao coração, agradando ao mais exigente leitor.
Porque fala de Deus, fala do Amor, do Bem, da Fé e da Esperança, conforme se observa
nos versos a seguir: “Na sinfonia rústica da vida, /os humildes, Senhor, /à voz
da natureza agradecida/irmanam seu louvor. É o dueto da Crença e da Verdade, /de
Maria e José;/É o canto inspirador da Caridade,/da Esperança e da Fé”.
O Sociólogo e crítico literário Mário
Ribeiro Martins no livro “ESCRITORES DE GOIÁS” no capítulo de POETAS DO
EVANGELISMO BRASILEIRO, páginas 711 a 714, afirma "que o poeta estudou no
Recife, Santos e Niterói, onde se bacharelou em Ciências Jurídicas e Sociais,
pela Faculdade de Direito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, tendo
sido professor de Português, Matemática, Ciências, Educação Física e como
jornalista, era filiado à Associação Fluminense de Jornalistas".
Pertencente à comunidade Batista, seus
versos ainda são declamados em incontáveis Igrejas Evangélicas espalhadas pelo
Brasil, sendo, portanto, um dos mais conhecidos e amados poetas brasileiros.
Sua obra é numerosa, escreveu também: “COMO
AS ONDAS DO MAR”, “VEJO A GLÓRIA DE DEUS”, “MADUREIRA CHOROU NA PRISÃO” (Biografia de ex-detento). “PELAS
QUADRAS DA VIDA” e “UM SONHO MODIFICOU MEU DESTINO”.
Alfredo Mignac, poeta, dedicando-lhe um
soneto, assim se expressou: “A Mário Barreto França, esse poeta insigne da
Denominação, recebendo na Bahia a merecida sagração na apoteose sublime da sua
poesia evangélica.”
Cultivou como sonetista de primeira a
arte do soneto, como se vê nestes versos: “Sim, eu sei a injustiça que hei
sofrido. /Que vontade me vem de protestar! /Mas, domino este impulso e,
decidido, /continuo servindo à Pátria e ao lar. Não choro ter, ó Deus, algo
perdido, /pois sei que muito mais tens para dar. /O que me dói é ver o amor
fingido/em ter-se, a qualquer preço, um bom lugar.../Quanta ambição de alguns o
peito invade, /pois, para alimentar sua vaidade, /mancham e ofendem de outros a
moral. /E, nesse anseio de melhor destino, /esquecem de Jesus o nobre ensino:/-
“A cada dia basta o próprio mal!” Do livro “NO JARDIM DO SENHOR” colhemos o
soneto CONSELHO: “Tu que começas a viver – cuidado! - /Não te deixes vencer
pela vaidade/Nem pelo sonho ou ilusão, malgrado/As expansões próprias da
mocidade. Vence-as por teu amor feliz que invade/O peito crente e o coração
firmado;/Sim, pelo amor – gota bendita – que há de/Cicatrizar o cancro do
pecado. Não te domine o orgulho de ser bela, /Pois a beleza verdadeira é
aquela/Que a virtude reflete em nossa vida. Ama o Pudor! Concentra-te no
Estudo! /Porquanto nisto se resume tudo, /Tudo o que faz uma mulher querida.”
Foi um Trovador magnífico e escreveu
trovas primorosas e líricas, como estas: “Saudade, de quando em quando, /provoca
mágoas e dores, /pois vai de amores matando/quem vive lembrando amores...” “Fui
menino, moço, e, agora/por que mudei tanto assim? /Lembrando os tempos de
outrora, /tenho saudades de mim...” “Tudo na vida tem preço:/E o preço da minha
dor/É saber que não te esqueço/Quando me esqueces, amor!”
Ainda em vida, recebeu condecorações
militares, títulos honoríficos e medalhas do Pacificador, Maria Quitéria de
Jesus, Mal. Caetano de Farias e outras distinções. Faleceu em 09 de setembro de
1983.
Participou da Coleção "Nossas
Trovas", 1973, "Nossas Poesias", 1974 e "Anuário de Poetas
do Brasil," Rio de Janeiro, 1975, 1976 e 1977, 2º volume, organização do
saudoso poeta Aparício Fernandes.
Está presente na Enciclopédia de
Literatura Brasileira, de Afrânio Coutinho e J. Galante, edição do MEC, 1990,
com revisão de Graça Coutinho e Rita Moutinho, edição revista e atualizada, em
2001.
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