ENÉAS ATHANÁZIO: UM SENHOR ESCRITOR
Filemon Martins
O Dr. José Enéas César Athanázio nasceu em
Campos Novos, Santa Catarina, no dia 28 de março de 1935. Poeta, Contista,
Cronista, Biógrafo, Crítico literário, Pesquisador, Promotor de Justiça
aposentado, autor de inúmeros livros, entre os quais: “O PEÃO NEGRO”, “3
DIMENSÕES DE LOBATO”, “O AZUL DA MONTANHA”, “GODOFREDO RANGEL – BIOGRAFIA”,
“MEU CHÃO”, “TAPETE VERDE”, “FIGURAS E LUGARES”, “A PÁTINA DO TEMPO”, “O AMIGO
ESCRITO”, “SÃO ROQUE DA VENTANIA – NOVELA,” “SILVIO MEIRA – Breves anotações
sobre sua obra”, “A LIBERDADE FICA LONGE”, ¨O REDUTO DE NHÔ NÁ¨, ¨A CONQUISTA –
NOVELA E CRÔNICAS¨, ¨O PERTO E O LONGE¨, ¨DINARTE DO ENTRE-RIOS & OUTROS
VIVENTES¨ ¨O PÓ DA ESTRADA¨ e tantos outros.
Li “São Roque da Ventania,” “Vida
Confinada” “Sílvio Meira” e o excelente “O Amigo Escrito”, ¨O Reduto de Nhô
Ná¨, ¨A Conquista – Novela e Crônicas¨, ¨O Perto e o Longe¨, ¨O Pó da Estrada¨,
¨Dinarte do Entre-rios – Outros Viventes¨, entre outros, além de alguns artigos
esparsos do escritor Catarinense, que é colunista da revista ¨Blumenau em
Cadernos¨ e do ¨Jornal Página 3¨ (Balneário de Camboriú). Em “São Roque da
Ventania” o autor pinta com cores vivas a novela da própria vida, não uma
novela televisiva, mas no sentido real, narrando de forma magistral o
linguajar, os hábitos e costumes usados nas fazendas e no interior do Estado de
Santa Catarina. Aliás, desde sua estreia, em 1973, com o livro “O Peão Negro”,
o escritor Enéas Athanázio, com seus contos regionais, vem se destacando com
brilhantismo no panorama das letras de Santa Catarina e do Brasil. O escritor
Benedicto Luz e Silva, certa ocasião, escreveu: “Note-se que a segurança de
Enéas Athanázio, ao manipular seu material, manifesta-se claramente no
equilíbrio que coloca em sua linguagem, onde dosa, de modo conveniente, uma
prosa clássica com a inclusão adequada de expressões de uso regional.”
Ao todo são aproximadamente 50 livros e 14
opúsculos publicados até agora.
O crítico literário Fernando Tokarski, do
jornal “Transparência,” da Universidade do Contestado, Canoinhas, afirma: ¨Em
textos breves, o mais importante escritor regionalista catarinense repete com
“Fiapos de Vida” o êxito de seus livros anteriores. Textos enxutos,
caracterizados pela linguagem rural, compõem esta obra de fácil e agradável
leitura. São mais de quarenta breves histórias retratando a vida campeira e os
enlevos forenses.”
Em SONHO DE LIBERDADE, Enéas Athanázio
escreveu: “Nos começos da carreira, fui convidado a examinar uma causa em
pequena cidade campeira, do outro lado do Pelotas. Numa “rural” novinha em
folha, meu cliente me conduziu pelas curvas e serras da estrada poeirenta e,
através de uma balsa de cabo, tirada a muque pelo balseiro, subimos para o
campo verde que se estendia a perder de vista, onde o gado pastava em calma e
alguma ema assustada corria desajeitada, levantada as asas numa posição deselegante.
Às vezes passávamos por uma fazenda, tão erma e silenciosa que parecia deserta,
mas logo ela ficava para trás e voltávamos à mesmice do campo e aos reboleios
da estradinha. O veículo avançou e não tardamos a entrar pela rua principal,
tão larga que parecia um exagero, como se o remoto construtor tivesse errado
nos cálculos, planejando para outra cidade, muito maior e mais movimentada.
Logo, porém, começamos a encontrar alguns carros, carroças, cavaleiros,
transeuntes. Estacionamos diante do Fórum, antigo prédio de madeira, examinei o
processo e logo me inteirei das providências, acalmando meu cliente em seus
temores. Embora com muito atraso, almoçamos numa churrascaria. Como fosse tarde
para o retorno, rumamos para o único hotel da praça. Quando o avistei, mal pude
acreditar no que via e fiquei um tempão a admirá-lo de vários ângulos,
construído em local elevado e cercado de gramado muito verde, era um casarão de
madeira de lei com dois andares e mais um terceiro em formato de chalé...”
Competente e talentoso, o Dr. Enéas
Athanázio vai construindo, aos poucos, uma obra fabulosa e, sobretudo, fazendo
justiça, como é o caso do livro “O Amigo Escrito” em que o autor descreve um
pouco da vida e obra do grande escritor mineiro JOSE GODOFREDO DE MOURA RANGEL,
autor de “VIDA OCIOSA” e “FALANGE GLORIOSA”, entre outros, recordando,
inclusive, suas andanças em São Paulo, quando jovem e estudante de Direito quando
foi nomeado e trabalhou como Escrivão de uma subdelegacia no Posto Policial do
Brás, mais precisamente na Avenida Celso Garcia, tendo se transferido,
posteriormente, para o novo Posto Policial do Belenzinho e residido na Rua 21
de Abril, no nostálgico bairro do Brás, onde “dormia, escrevia e lia
incessantemente,” conforme Enéas Athanázio, citando Edgard Cavalheiro “Monteiro
Lobato – Vida e Obra.”
O livro é interessantíssimo e traz
preciosas informações sobre o escritor mineiro, aborda a correspondência com
Monteiro Lobato, o trabalho assoberbado do Juiz em conflito com o talento
literário. Faz uma rápida análise das obras de Godofredo Rangel, resgatando a
memória do escritor.
O Dicionarista Mário Ribeiro Martins, no
livro DICIONÁRIO BIOBIBLIOGRÁFICO DO TOCANTINS, faz referência ao livro “FAZER
O PIAUI-CRÔNICAS DO MEU NORTE”, onde Enéas Athanázio no capítulo “Veredas do
Tocantins” faz uma análise criteriosa do livro de contos “VEREDÃO,” do escritor
tocantinense Moura Lima.
Atualizado, politizado e culto, o escritor
catarinense foi um crítico ferrenho do governo de Fernando Henrique Cardoso,
bem assim dos governos petistas. Hoje, não sei, mas pelo rumo que tomou o atual
governo, creio que Enéas Athanázio continua sendo um crítico “sem papas na
língua”.
Seus trabalhos literários estão publicados
em vários jornais, revistas e antologias do Brasil e exterior, como, por
exemplo: ANTOLOGIA DEL’SECCHI, de Roberto de Castro Del’Secchi, NOSSA MENSAGEM,
do saudoso Aparício Fernandes, 1977 – página 117, LITERATURA – Revista do
Escritor Brasileiro, nº 10, páginas 32 a 34 - junho de 1996.
Presente no “DICIONÁRIO BIOBIBLIOGRÁFICO DO
TOCANTINS”, página 842, do sociólogo Mário Ribeiro Martins, Procurador de
Justiça aposentado. É verbete da ENCICLOPÉDIA DE LITERATURA BRASILEIRA, de
Afrânio Coutinho, edição do MEC, 1990, com revisão de Graça Coutinho e Rita
Moutinho, edição revista e atualizada, em 2001.
Em tempo: o escritor Enéas Athanázio mantém
um intercâmbio cultural saudável com o autor destas notas.
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