QUANDO O OUTONO CHEGA... Filemon Martins
Fim de verão. O outono está aí com seu fascínio. A natureza faz o seu espetáculo. Uma nova paisagem de outono.
Folhas e flores voam ao sabor dos ventos. Quase sempre, folhas, flores, frutos
e borboletas misturam as cores da terra e do céu. Move-se, nesse cenário, um
sentimento agridoce que faz da minha alma um tabernáculo.
De graça a
natureza cria e recria paisagens, desafiando a dureza dos corações humanos que
não encontram tempo para apreciar a beleza da vida e os encantos da terra. Meu
coração é uma catedral abandonada, onde a solidão desfila todos os dias, todas
as horas e todas as noites. Inspira-me versos. Fico impregnado de saudade. Se o
céu é azul, doce é o meu pensar. Meu coração não fala, mas sente com emoção,
com devoção. É a estação outonal.
Sou um
passageiro da terra num trem desgovernado que não consigo parar. Para rever um
rosto que se foi. Estou consciente: - são coisas do coração. Inexplicáveis.
Inconcebíveis. Não há como parar a condução. A viagem continua. Fico debruçado
na janela do tempo que passa veloz e contemplo a imensidão do Universo.
Descubro que o meu olhar é triste. Vejo-me por dentro e agora me sinto um
passageiro do “TITANIC” à deriva no mar de sonhos. Navego com o coração.
Descubro decepções em cada porto da vida.
Às vezes, imagino
que estou voltando. - Mas, por onde já andei? Não sei. Mas sei que sinto dor,
sinto saudade. Essa dor que desafia os avanços da Medicina. As teses da Física.
No coração há um sopro de um Deus que ninguém explica, mas que existe. Que
movimenta todo o Universo. Mas até quando? Mistério insondável.
Assim como as
folhas, flores, frutos e borboletas, nada é permanente. Tudo se transforma, já
dizia Lavoisier. Também o ser humano, com suas limitações e imperfeições. Contudo,
Cristo é eterno. Detenho-me diante da ternura do Nazareno. Esbarro no mistério
da vida. Da vida que passa tão rapidamente. No mistério da fé. Quisera ter o
dom da fé. Será que me perdi nas indagações que fiz? Nas respostas que não
tive? Enfim, são emoções outonais. Ou melhor, ANSEIOS DO CORAÇÃO.
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