ATO DE CARIDADE

 

ATO DE CARIDADE

Djalma Andrade (1892-1975)



Que eu faça o bem e de tal modo o faça,

Que ninguém saiba o quanto me custou.

- Mãe, espero em ti mais esta graça:

- Que eu seja bom sem parecer que o sou.



Que o pouco que me dês me satisfaça,

E se, do pouco mesmo, algum sobrou,

Que eu leve esta migalha onde a desgraça

Inesperadamente penetrou.



Que a minha mesa, a mais, tenha um talher,

Que será, minha mãe, Senhora nossa,

Para o pobre faminto que vier.



Que eu transponha tropeços e embaraços:

Que eu não coma, sozinho, o pão que possa

Ser partido, por mim, em dois pedaços.

 

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