A MORTE DO JANGADEIRO

 A MORTE DO JANGADEIRO

Padre Antônio Tomás (1868-1941)



Ao sopro do terral abrindo a vela, 
Na esteira azul das águas arrastada,  
Segue veloz a intrépida jangada   
Entre os uivos do mar que se encapela.



Prudente, o jangadeiro se acautela   
Contra os mil acidentes da jornada.   
Fazem-lhe, entanto, guerra encarniçada   
O vento, a chuva, os raios, a procela. 

  
Súbito, um raio o prostra e, furioso,   
Da jangada o despeja na água escura;   
E, em brancos véus de espuma, o desditoso

  
Envolve e traga a onda intumescida,   
Dando-lhe, assim, mortalha e sepultura   
O mesmo mar que o pão lhe dera em vida.

 

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