A MUSA ENFERMA

 

A MUSA ENFERMA

Charles Baudelaire  (1821-1867)


A morte é que consola e que nos faz viver

O alvo desta vida e a única esperança

Que, como um elixir, nos dá fé e confiança,

E forças para andar até o anoitecer.


Em meio à tempestade e à neve a se desfazer,

E a luz que em nosso lívido horizonte avança,

E a pousada que um livro diz como se alcança,

E onde se pode descansar e adormecer.


E um arcanjo que tem nos dedos imantados

Sono eterno e o dom dos sonhos extasiados,

E arruma o leito para os nus e os desvalidos;


E dos deuses a glória e o místico celeiro

E a sacola do pobre e o seu lar verdadeiro

O pórtico que se abre aos Céus desconhecidos!

 

(FONTE: ALMANAQUE CHUVA DE VERSOS 364, JOSÉ FELDMAN)

 

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