CONVERSA CALADA
VANDA FAGUNDES
QUEIROZ
Com tanto
sentimento solitário,
meu existir interno
é tão intenso,
que para reparti-lo
às vezes penso
num interlocutor
imaginário.
E sinto, então,
falar de modo vário
minha alma com seu
repertório imenso,
tão vasto que nem
sei como é que venço,
sozinha, o
turbilhão do meu fadário.
Embora eu tenha
apenas uma vida,
termino por
fazer-me bipartida,
se eu mesma falo e
escuto a minha voz.
Na minha eterna e
ardente introversão,
de tanto argumentar
com a solidão,
eu vivo sempre
dialogando... a sós.
(Do livro CONVERSA CALADA, página 7)
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