NÃO ESTOU SÓ

 

NÃO ESTOU SÓ

Filemon Martins

 

Nestes últimos tempos

Vivo me esbarrando com a saudade,

Saudade de tudo: ausências que o tempo Criou, silêncios que gemem lá fora,

Sonhos que a velhice levou,

Estrelas que se apagaram,

Esperanças que a vida deu fim,

Mas a solidão intrometida vai se achegando

E se instala em minha casa.

De repente, sem que eu perceba ela se Acomoda e toma conta do sofá da sala.

Pergunto o que deseja e logo me responde:

- Ficar em sua companhia.

Por isso, nunca estou só,

Aonde quer que eu vá,

As duas estão lá,

Quando a saudade aperta,

A solidão chega logo depois.

Foi aí que descobri:

- Cheguei aos setenta e dois.

 

 

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