Carta ao Papai Noel
Filemon Martins
Caríssimo e bom Papai Noel, observando a
realidade do mundo, vi que os homens andam preocupados com as coisas materiais
da vida moderna. O Natal que deveria comemorar o nascimento de Jesus, dando-nos
a lição de humildade, fé e renascimento, transformou-se em festas. É o Natal
comercial. Os humanos se esqueceram das lições e do significado do
aniversariante e por isso resolvi lhe escrever solicitando uma entrevista e
quem sabe o senhor, com tamanha sapiência, possa nos iluminar.
Gostaria de saber, Papai Noel, por que o mundo
vive num corre-corre, num briga-briga, com guerras, violência, falsidade e
corrupção em todos os lugares? Por que a concorrência no mercado de trabalho é
quase sempre desleal e acaba imperando a “lei do vale tudo?” Por que o avanço
da tecnologia que prometia trazer progresso e mais conforto para a população,
não se concretizou? Por que alguns servidores não cumprem com seus deveres ao
prestar serviços à população? Por que a maioria dos políticos não são honestos?
Por que alguns empresários, especialmente no Brasil, quanto mais têm, mais
querem lucrar? Assim a sobrevivência do povo é crucial, porque a desigualdade é
que impera.
Eis a resposta de Papai Noel, quase irritado
comigo: - “Se você amasse um pouco mais,
se orasse um pouco mais, se ouvisse mais os apelos do coração, se praticasse a
exortação de Cristo: “amai-vos debaixo da paz e da união,” se ouvisse a
mensagem do grande Paulo, quando afirmou: “que o amor não falha, tudo sofre e
espera, tudo supera, o amor é benigno e jamais se desespera,” então o mundo não
seria maldoso, enganador, egoísta, invejoso e ciumento.
Ao contrário, o mundo seria repleto de amor,
compreensão e solidariedade, porque o amor tudo perdoa, tudo suporta, o amor é
singular, é a bondade de Jesus refletida em nossas vidas. O amor é paz, alegria
e esperança, não importa a raça, cor ou classe social e todos, sem distinção,
cumpririam suas obrigações melhorando as relações entre os homens e Deus.
Os homens, porém, se esqueceram das palavras de
Jesus. E vão seguindo em direção oposta ao ensinamento de Cristo quando disse:
“Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e
onde ladrões minam e roubam. Porque onde estiver vosso tesouro, aí estará
também vosso coração. Mirai os pássaros do céu, que não semeiam nem ajuntam em
celeiros, mas Deus os alimenta. Contemplai os lírios do campo, como eles
crescem e florescem e nem mesmo Salomão, em todo o seu esplendor, se vestiu
como qualquer deles” .
Sem entender direito e meio atordoado me pus a
refletir sobre tudo que acabara de ouvir. Viajei através do tempo e me lembrei
de cada momento, palavra, gesto, ação, cada decisão e cada caminho que trilhei
e concluí que o Papai Noel tem razão. Mas é bom lembrar, Papai Noel, que eu e o
povo brasileiro já não acreditamos mais em promessas. Foram tantas que até perdemos
a conta. Mas, eu me proponho a partir de hoje e em todos os dias espalhar o
amor, a luz, a esperança, a alegria, a paz e a solidariedade por onde quer que
eu vá. E desejo que todos, de uma forma ou de outra, possam encontrar no
recôndito de suas almas a chama do amor, da paz e da luz para iluminar um pouco
mais o Planeta Terra, onde vivemos, pondo em prática os ensinamentos e o verdadeiro
sentido do Natal, “paz na terra e boa vontade para com os homens”.
Comentários